sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Bibliofilia 136


Vou referir vários poetas, tenham paciência...
A minha opinião sobre Teixeira de Pascoaes (1877-1952) foi sempre um pouco ambígua. E a leitura dos seus poemas poucas vezes me entusiasmou. Menos ainda a sua prosa. E, se Eugénio de Andrade pouco me falou dele, é bem certo que vários textos admiráveis escreveu sobre o Poeta do Gatão. Como alguns também escreveu Cesariny. Poetas que eu aprecio e cuja opinião costumo ter em conta.





Também Jorge de Sena lhe dedicou estudos com a sua habitual agudeza crítica, gabando-lhe o estro, com algum entusiasmo. Mas nem sempre podemos coincidir nas afinidades electivas. Também Sena estudou Florbela com devoção e eu nem por isso lhe consagro a minha adoração, muito embora, em arroubos de juventude eu gostasse de ler os seus apaixonados versos. Como a José Régio também, aliás. Ambos, ousaria eu dizer, devedores ou familiares, se não dos temas, pelo menos do tom exclamativo de Junqueiro que, na adolescência, muito frequentei...



Os livrinhos, que ora se apresentam, são o fruto da dedicação que o poeta vimaranense Guilherme de Faria tinha por Teixeira de Pascoaes, impressos em 1924 e 1925, com mimosos cuidados estéticos e pequena tiragem de muito boa qualidade. D. Carlos, em tiragem especial, custou-me, nos anos 80, Esc. 1.900$00. Os restantes fui-os comprando por cerca de metade do preço, em anos posteriores.


Por curiosidade, posso informar que a caricatura de Teixeira de Pascoaes, que encima este poste, é da autoria do também poeta, de origem moçambicana, Rui Knopfli.

9 comentários:

  1. Pascoais também não é autor da minha devoção. Gosto de alguns poemas. Era muito apreciado por Cesariny.
    Quanto ao Régio, também gosto de alguns poemas, mas gosto muito dos contos dele e, quando os li, na minha adolescência, também gostei dos romances. Mas hoje não é escritor que eu frequente muito.
    De Guilherme de Faria pouco conheço. E fui ler qualquer coisa dele, há muitos anos, porque tem uma rua em Alvalade. E eu gosto de conhecer os sítios por onde passo. :) Mas já não me lembro.
    Bom sábado!

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    1. Pascoaes, como pessoa e no contacto, devia ser muito carismático, além de se ter carteado com algumas celebridades.
      Do Régio, hoje, leio-lhe a poesia com dificuldade, mas tem contos muito bons. E o "Jogo da Cabra Cega" é um grande romance do séc. XX português. Tem a densidade do "Húmus" de Raul Brandão. É preciso é ter paciência para os ler.
      Quanto ao Guilherme de Faria, irmão de Fr. F. Leite de Faria, era um poeta promissor, mas não chegou a desabrochar, porque se atirou ao mar (na Boca do Inferno) com pouco mais de 20 anos...
      Bom fim-de-semana!

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    2. Desconhecia que ele era irmão do Frade, que eu conheci. Pessoa estranha... :-) Mas sabia muito.
      Bom dia!

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    3. 11 filhos, na mesma casa, é muita gente...
      Mas creio que nunca foram bem explicadas as razões deste suicídio. Nem também as do de Cristovam Pavia. As famílias é que talvez pudessem avançar qualquer coisa. Mas há que respeitar a intimidade dos clãs.

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  2. Para mim é sempre um gosto seja que assunto for.
    Aprendo sempre qualquer coisa, mesmo no que
    respeita a poesia, possa ser mais vulgar o meu
    gosto. A propósito, num blogue que costumo
    visitar -Cais do Olhar-, um pequeno poema de
    Rui Knopfli, que achei uma delicia.
    Vou transcrevê-lo noutro comentário..
    Boa noite.

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  3. Uma gargalhada do meu filho
    rouba-me um verso.Era,
    se não erro, um verso largo,
    enxuto e musical.Era bom
    e certeiro, acreditem,esse verso
    arisco e difícil, que se soltara
    dentro de mim. Mas meu filho
    riu e o verso despenhou-se no cristal
    ingénuo e fresco desse riso. Meu Deus,
    troco todos os meus versos
    mais perfeitos pelo riso antigo
    e verdadeiro de meu filho.
    Rui Knopfli

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    1. Obrigado.
      A minha é apenas uma opinião, com a única vantagem de ter lido muita poesia, ao longo da minha vida. Formei um critério talvez apertado, talvez nem sempre justo.
      Conheço mal a poesia de Rui Knopfli; julgo que só li "O Escriba Acocorado", da Moraes, e talvez alguns poemas dispersos em revistas ("Caliban"?).
      Mas gostei do poema que transcreveu, que me fez lembrar um O'Neill mais ternurento e menos ácido.
      Uma boa noite!

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  4. Gosto da poesia do Rui Knopfli. Li e tenho a obra poética, editada na INCM.
    Bom domingo a todos.

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