quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Sobre prosápias


Eu diria entre amigos que, no Expresso, há muito caviar, que não Beluga, necessariamente - convenhamos. É um tio que disfarça, mas não deixa de ser um tio de Cascais, embora se vista, pesada e normalmente. Mas o tom de voz não engana...
Eu, que às vezes sou ou pareço elitista, consigo lê-lo em cerca de 1 hora, afora os sudoku, que sempre faço, e algumas vezes erro. De longe a longe, para além dos 3 ou 4 cronistas que leio com gosto, aparece um estrangeiro de tom que, pela entrevista ou artigo, me obriga a uma leitura mais demorada. Raro, no entanto, é isto acontecer.
Mas, seriamente, as crónicas de Manuel S. Fonseca colhem as minhas preferências. Com ele aprendi muita coisa de cinema, e da vida, e os seus textos são minutos de prazer e humor, na leitura, para mim. Ora, atente-se neste bocadinho de prosa, de há quase duas semanas, que secanei acima, sublinhando em parte:
"...Os latinos não dão ditadores de primeira classe e Mussolini, ditador de opereta, não era assexuado como Hitler e Estaline. O seu filme favorito era «Êxtase», um mudo com a nuíssima Hedy Lamarr a prodigalizar orgasmos a uma Europa de olhos arregalados. Se tivessem escrito cartas aos seus actores favoritos, Hitler escreveria a um gorila, o King Kong, Estaline a uma macaca, a Cheetah de Tarzan. Mussolini não era cá de macacos. ..."
Ora, quem escreve assim, não é gago, nem tio, dos de Cascais...


3 comentários:

  1. Li. Posso imaginar Mussoluni a gostar de Êxtase, agora de Hitler e a Branca de Neve...

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  2. Respostas
    1. Como em Auschwitz tocavam Schubert, à noite...
      Noutro registo, as crónicas de Ana Cristina Leonardo, embora muitas vezes surrealistas, também são boas.

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