quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Recuperado de um moleskine (18)


É natural que adaptemos o nosso discurso, ou linguagem, ao interlocutor que temos pela frente. O diálogo pedagógico, por exemplo, de um professor, perante crianças no início da idade escolar, será necessariamente diferente e mais simples, do que aquele que poderá ser praticado numa aula universitária. Isto, no que diz respeito ao discurso oral.
Quanto à palavra escrita, duas hipóteses se abrem: ser o texto dirigido a um grupo bem definido e caracterizado, ou a um público mais vasto, desconhecido e indefinido. Nesta última hipótese, e sendo o texto ambicioso, poderá uma parte desse público auto-excluir-se, pura e simplesmente. Por vontade ou por incompreensão.
Em poesia, isso acontece também. Por exemplo, eu excluo-me de uma grande parte dos poemas de Paul Celan. Talvez por incompreensão inata de um universo, para mim, impenetrável. As mais das vezes, nem sequer pressentido. E assumo esse facto com humildade e sinceridade intelectual.

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