Separadas, na sua execução artística, por cerca de 30 anos, mas já feitas na primeira metade do séc. XVI, estiveram expostas, lado a lado, no MNAA (24/1 a 28/4/13), duas obras de Lucas Cranach, o Velho (1472-1553), integradas na temática "Obra Convidada", iniciativa recente, e inspirada, do Museu das Janelas Verdes. O quadro mais antigo, "Judite e Holofernes", veio emprestado do Metropolitan Museum of Art, a que se lhe juntou "Salomé e S. João Baptista" do acervo próprio do MNAA.
De comum, o Pintor, e uma cabeça decepada, no primeiro, do general assírio; no segundo quadro, do precursor de Cristo. A expressão de morte é semelhante, o que é diferente são as expressões de Vida. Judite expressa a perversidade (recorrente em Cranach, muitas vezes) adolescente, enquanto Salomé espelha uma fria sedução de maturidade; lábios finos, na primeira, lábios carnudos, na segunda, por exemplo.
Lembrei-me, por associação, de Sandro Botticelli (1445-1510) e do seu quadro dos Uffizi, intitulado "O regresso de Judite", que terá sido pintado, anteriormente, por volta de 1484, no séc. XV, portanto. A expressão é toda outra. Atrevo-me a defini-la como de melancolia. Um adeus à Juventude? O conhecimento da Morte? Há, seja como for, um olhar para trás (como se pode ver na imagem), talvez sereno. Mas quase triste.
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