sexta-feira, 17 de maio de 2013

Emprego e profissões em vias de extinção


Se em pequenos e restritos núcleos de reflexão já se fala na inexorabilidade, presente e futura, da diminuição progressiva de emprego e postos de trabalho, a nível mundial, por outro lado, há profissões que vão desaparecendo ou rareando no número dos seus artífices. Nuns casos, por falta de procura (por exemplo, limpa-chaminés), noutros, porque são raros os que se querem dedicar a essa profissão (canalizadores, funileiros, carpinteiros...), talvez por a acharem pouco dignificante, do ponto de vista social. Entretanto, ainda se pode ver, sobretudo nos subúrbios, e de vez em quando, um ou outro amolador ambulante que, antigamente, ainda consertava louça rachada, com gatos de metal, e arranjava guarda-chuvas, fazendo-se anunciar através do som da sua gaita de beiços. Pergunto-me se, hoje, ainda se manda consertar guarda-sóis que, nas lojas chinesas, se podem comprar a 5 euros... E, com certeza, já ninguém mandará pôr pingos de solda, em tachos ou panelas furados. Como conseguirá subsistir um homem, numa actividade de remuneração tão medíocre e duvidosa? Não consigo imaginar. 
Dos que assam castanhas, no Inverno, sei que alguns, no Verão, se deslocam para as praias, para vender gelados. Mas também é uma pobre consolação.
Há, em tudo isto a que assistimos, um enorme desencontro. Vários becos sem saida.

9 comentários:

  1. o meu avô era Barbeiro e tinha uma dessas pedras para amolar as tesouras...perdeu-se (a pedra). Era criança quando o meu avô morreu mas, lembro-me bem da pedra que era amarela e estranhamente macia. Diz a minha mãe que ele ia todos os dias a casa de alguns senhores - lavradores ricos, para lhes tratar da cara e ganhava no final do ano um alqueire de milho. O mesmo se passava com a minha avó que era costureira e tinha uma daquelas máquinas a pedal, sem motor, linda, infelizmente também ela se perdeu.
    Eu com frequência universitária já trabalhei num centro de apoio e gestão de clientes empresariais (facturação...), e recebia 2,53€ por hora.
    Dá que pensar?

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  2. Dá, Teresa! Porque o "sistema" está errado, de há muito, e individualmente pouco se pode fazer. Creio que o futuro já não se poderá fazer com jeito mas, e apenas, pela força. Muitos, já nada têm a perder. Estou céptico quanto a benesses vindas de cima...
    Do que disse, fez-me lembrar as pedras de ume, nas barbearias, translúcidas - pareciam pequenos aicebergues imóveis. Mas a realidade, hoje, não tem nada de poético, infelizmente.

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  3. Na minha rua ainda passa um amolador, de vez em quando. Se tem clientela, não sei.
    Já tenho mandado arranjar varetas do meu querido guarda-chuva numa loja. Há uns tempos que não o faço, mas para mim vale a pena porque os guarda-chuvas de €5,00 não sobrevivem a uma ventania.

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  4. Mas parece-me que nos tempos atuais a maioria das pessoas não vão mudar tão depressa de roupa e de sapatos. Aliás, já se nota pelo abaixamento das vendas.

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  5. É bem verdade que os guarda-chuvas chineses são bastante "descartáveis"...
    E, se a crise - como parece - continuar, pode bem acontecer que os consertos dos objectos voltem a fazer-se, como antigamente.

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  6. A mim parece-me que com a crise, algumas destas profissões retornam ao nosso convívio. Aqui já se vêem, desde há uns tempos, lojinhas de concertos e arranjos de roupas. Sapateiros também temos alguns. Eu sempre mandei colocar solas e meias-solas em botas e sapatos. Detesto deitar coisas fora e sou muito fiel aos meus velhinhos pares de botas.
    Até há pouco tempo era muito difícil encontrar um canalizador ou um electricista que viesse ao primeiro telefonema. Hoje, com a crise na construção civil, ficaram mais livres e são os próprios a oferecer os seus serviços...
    Enfim, isto tudo para dizer que parece que as pessoas voltaram a procurar os serviços destes profissionais e recorre-se um pouco menos ao descartável.
    Não sei se estou errada...
    Boa noite!

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  7. É uma perspectiva possível, Isabel, essa que traça, da realidade que a rodeia. Muito embora eu pense que não irá criar mais emprego, apenas minimizar um pouco o flagelo do desemprego. Porque o futuro não será risonho, aqui, e no mundo, senão com uma mudança profunda do "sistema", das mentalidades e princípios éticos.
    Uma boa noite, também.

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    1. Escrevi mal "consertos"...(fico arreliada, sendo professora...!)

      Não vai criar mais emprego, é apenas um recurso para algumas pessoas que ficaram sem emprego e precisam trabalhar.
      Bom domingo!

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  8. Acontece, Isabel. A mim, muitas vezes, também, por distracção.
    Um resto bom de domingo.

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