quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Pensar, escrever, agir


Em Março de 1973, a Editorial Inova publicou um pequeno opúsculo (Carta-testamento - Mário Sacramento) evocativo do médico, ensaísta e lutador anti-fascista ilhavense. Dos vários testemunhos sobre Mário Sacramento (1920-1969), quero destacar, pela concisão e clareza, o de Vergílio Ferreira:
"Assim o conflito entre a «ideia» e a «acção», e sem que jamais um dos termos se anulasse ou se superasse em síntese, remediou-se nele pelo predomínio da «acção», como em mim se ajeitou na primazia da «ideia», Mário Sacramento viveu como poucos, talvez como ninguém, o gravíssimo problema de uma escolha entre o agir e o escrever, até porque para ele, mais agudamente que para muitos, o escrever implicava uma dura responsabilidade. Zetos e Anfião, a acção prática e a intelectualidade, lutaram nele até ao fim da vida e, a despeito das aparências, nenhum deles venceu o outro. A solução de emergência que encontrou foi a máxima de Énio, o philosophari sed paucis, o dar aos problemas culturais os miseráveis sobejos do que julgava mais importante. ..."

4 comentários:

  1. Mais um nome injustamente esquecido, o de M.Sacramento. Mas são tantos...

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  2. Como muitos,LB, mas também é difícil transmitir este tipo de "legados" aos vindouros, ou às gerações presentes, porque não os conseguem contextualizar, pessoalmente.

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  3. É o meu caso, infelizmente: não conheço nem o autor nem a obra. Mas vou tentar remediar isto. Obrigado, APS.

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  4. Foi um gosto, c.a..Mas o mais importante de M.S. foi o seu exemplo cívico, e de fraternidade.Tem um livro interessante sobre Pessoa e ainda outro sobre Eça ("E. de Q. - Uma Estética da Ironia").

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