Pardais havia poucos, quando saí: pareciam arrepiados. Mas um melro destemido atravessou, por entre os pingos de chuva, elegante em linha recta, e veloz, à minha frente. O seu destino era um ramo flexível e despido, onde se pôs a balouçar, quase, aproveitando a pequena réstea de sol que perfurava as nuvens cinzentas, a sul. Punha-se a jeito para não esfriar. Um outro (fêmea?) seguiu-lhe o exemplo, um pouco mais abaixo, na árvore. Nenhum deles cantou, provavelmente, para não gastar energias. As poucas pessoas no largo, ajoujadas de sacos de compras, apressavam, lépidas, o passo, em direcção a casa.
Depois, quando descia a rua, reparei na cameleira floridíssima de branco, até parecia de neve. E, no jardim da esquerda, vi então as estrelízias nas suas pétalas agudas. Pareciam bicos vermelhos de pássaros, desafiando o frio e a chuva.
P.S.: para c. a..
Não sabia que ainda havia cameleiras floridas. A estrelízia é linda.
ResponderEliminarTambém eu fiquei surpreendido, Miss Tolstoi.
ResponderEliminarPara mim foi um post de saudades. Obrigado.
ResponderEliminarAinda bem, se foi no bom sentido,JAD.
ResponderEliminarTenho ideia que a cameleira é uma das poucas plantas que florescem no inverno. Recordo-me que no jardim da minha mãe havia uma, que resistiu uns anos antes de morrer. São plantas sensíveis,as cameleiras. As estrelízias, pelo contrário, são muito resistentes. E muito belas também. Quanto aos melros, li algures que são aves solitárias e territoriais. Se havia dois na mesma árvore, então deviam ser um casal.
ResponderEliminarGrato pelo presente, APS. É muito belo.
Com muita amizade, aqui ficam os meus votos de Feliz Natal!
Obrigado. Foi um gosto, e ainda bem que gostou.
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