quinta-feira, 7 de março de 2013

Para bem começar o dia, apesar do mau tempo...


Não será bem, bem só na Itália, porque haverá algumas coisas neste vídeo, a que também estamos habituados...

abraço grato a AVP.

Num propósito de primavera e parabéns, para uma Amiga


Vai este quadro da pintora norte-americana Mary Cassat (1844-1926) e o Camané a cantar, num propósito de dia feliz, para MR, a que juntamos, cordialmente, parabéns.

quarta-feira, 6 de março de 2013

Divagações 41


O canto do pássaro nocturno ganha a noite, ao inverso da luz natural inexistente, mas estão já longe as palavras, escritas um dia. É difícil encontrar-lhes o eco na memória ou revivê-las na pulsação inicial. E encaminhá-las com obediência a um sentido concreto. São, agora e apenas, uma colagem distante, como um rosto que se perdeu para sempre. Onde uma vaga silhueta nos diz, desesperadamente, que existiu no tempo.

Steiner no Nexus Institute (2) : As Humanidades não humanizam


Idiotismos 14


A expressão andar aos gambozinos, creio, já foi mais usada do que é hoje. Porque isto de gíria ou calão também tem o seu tempo e as suas modas. Acresce que, actualmente, até há zonas de exclusão ou guetos onde parece predominar um linguajar próprio, quase um dialecto local. Para já não falar dos SMS...
Mas voltando à expressão inicial (andar aos gambozinos), julgo que não será muito antiga e, salvo opinião contrária fundamentada, situaria a sua origem provável no século XX. É referida por António Tomás Pires, em 1928, e Augusto Moreno, no seu Dicionário de 1936, também a refere.
A frase popular teria tido origem no Alentejo ou Algarve, como brincadeira carnavalesca. Os mais velhos costumavam, por alturas do Entrudo, dar um saco aos rapazes mais novos e ingénuos, pedindo-lhes que se colocassem ao pé dum muro ou dum buraco na terra, e lá ficassem à espera dos gambozinos... Entretanto, afastavam-se, dizendo que iam fazer uma batida, pelo mato, à procura desses animais.
Carvalho da Costa avança a hipótese de a palavra (gambozino) ter origem na Espanha ou na França (cambuse, gambuse). Mas os naturalistas aproveitaram-se do vocábulo, para assim nomear um pequeno peixe. Houaiss, no seu Dicionário, ignora ostensivamente o gambozino. Embora registe gambúsia para o referido peixe minúsculo (5 cm.), originário da América do Norte.

Motivos


Anos a fio, desejei ter por casa uma marinha, para que, sempre que me apetecesse, pudesse lembrar o mar, através da sua representação pictórica. Não um mar à Turner, excessivamente experimental e vanguardista - queria um mar clássico e convencional, apenas.
Acabei por me contentar com uma pequena tabuínha, de autor desconhecido, que comprei, improvavelmente, num alfarrabista, onde três ou quatro rochedos ocres são lambidos pela espuma branca das ondas e o areal é uma fímbria magra e estreita de hesitante limite.
Nem todos os artistas são atraídos pelas águas, mas António Carneiro (1872-1930), por exemplo, tem uma pequena tela do mar nortenho português, maravilhosa (Arpose: "Primavera", 21/3/2010), em tons róseos de manhã fria, verde azul e escuro, e branco da espuma das ondas - era uma marinha assim que eu gostaria de ter.
Pelo contrário, João Hogan (1914-1988) pintou, obsessiva e intensamente, Monsanto na sua aridez de camadas sobrepostas de terras e rochas, quase sempre sem pessoas, como se pretendesse sublinhar os tempos e, quem sabe, talvez a solidão. Como dizia Eugénio de Andrade: "Não se escolhe, é-se escolhido."

Steiner no Nexus Institute (1) : Ciências e Humanidades


terça-feira, 5 de março de 2013

Saiam mais 5


1. Como é que havendo tantas marquesas e duquesas não há nenhuma Senhora Turquesa?
2. É surpreendente como a febre se mete por entre as linhas da tabela do termómetro.
3. Nos fios do telégrafo ficam, quando chove, umas lágrimas que põem tristes os telegramas.
4. Os surdos vêem a dobrar.
5. Os aplausos têm algo de costeletas: muito osso e pouco que comer.

Ramón Gómez de la Serna, in Greguerías.

Schubert / Brendel / Dieskau : "Der Leiermann" ("Die Winterreise")


Estações


Desta privação que é o Inverno, ou da sua anunciação que dele faz o Outono, em que cabelos e folhas caem, avisados animais se recolhem ou hibernam e as rosas se esquecem de florir, se faz esta atmosfera interior, esta parda claridade.
Apetece o silêncio, a exclusão, a frase curta, a síntese, o gesto ao invés da explicação demorada, ou da frase longa. Mas também há quem faça do Inverno a sua casa, pela sua intimidade e recolhimento. Em que a memória se enrosca sobre os dias passados. Enfim, pela triagem do silêncio pródigo que a Primavera e, sobretudo, o Verão raramente propiciam.

Comic Relief (65) : Censos


com agradecimentos a AVP.

segunda-feira, 4 de março de 2013

Interlúdio 28

Da Janela do Aposento 30: Reineke Fuchs



Com a Páscoa a aproximar-se, ofereceram-me, recentemente, as figuras da imagem acima. O "Mestre Luz" [Meister Lampe], pela mancha branca no rabiosque que, ao saltar, parece iluminar o caminho, rodeado dos seus discípulos. A lebre já com os ovos da Páscoa na mão para os esconder no jardim como era prática na minha infância.
A graça dos bonecos encaminhou-me para a releitura do Romance da Raposa de Aquilino Ribeiro e escolhi, para ilustrar a versão portuguesa da antiga fábula, a imagem da raposa em conversa com o coelhinho.


Da tradição antiga do Reineke Fuchs, com uma primeira edição ainda incunabular, existem numerosas adaptações, nomeadamente a de J.W. von Goethe em que fala do "Meister Lampe". Recolhi uma imagem, em que o Rei Leão se encontra na sua corte, com vários bichos, e o "Mestre Luz" com o livro debaixo do braço, distintivo do seu mester de ensinar os laparotos.


E agora, na nossa cozinha, temos os três bonecos a alegrar os dias cinzentos.

Post de HMJ

Superstições


Costuma o povo dizer que "no melhor pano, cai a nódoa" e, na verdade, até nas pessoas em que prima a inteligência, cultura e racionalidade, se podem encontrar pequenos tiques instintivos, ou mesmo irracionais, que contrariam essas faculdades. O caso mais flagrante, porventura, é o das superstições. Vão assim três exemplos, para comprovar o facto:
Fernando Pessoa (1888-1935) considerava que o ganir dos cães era de mau agoiro. Por outro lado, congratulava-se por ter nascido em dia diferente da sua namorada Ophélia (ele, a 13 de Junho; ela a 14 do mesmo mês). E acrescentava que, quando as datas coincidiam, era prenúncio fatídico, numa provável alusão à mesma data de nascimento (28 de Setembro) do rei D. Carlos e da raínha D. Amélia.
Hans Christian Andersen (1805-1875) tinha medo de vir a ser enterrado vivo e, por precaução, dormia sempre com um bilhete, à cabeceira da cama, que dizia: "Pareço morto, mas não estou."
Eurico Caruso (1873-1921) nunca viajava à sexta-feira e estava convencido que podia proteger a sua saúde se mantivesse uma anchova seca suspensa sobre o peito, pendurada num colar.

Regionalismos minhotos (33)


São muitos os regionalismos minhotos começados pela letra R que se encontram na obra, em 2 pequenos volumes, que já referenciámos anteriormente. Aqui vai mais uma selecção de sete:

1. Regido - comer rejido é comer vagarosamente, sem sofreguidão.
2. Releira - quebranto, preguiça.
3. Remanisca - romanisca. Galinha de crista grossa.
4. Remexida - mulher de vida fácil.
5. Repitoso - vivo, activo, diligente.
6. Repunhar - contradizer.
7. Respício - criança esperta ou pouco corpulenta.

domingo, 3 de março de 2013

Aafje Heynes : canção popular irlandesa


Osmose (41)


A água, lá no fundo do poço, estremece levemente, quando olhada de cima. Como que se agita, num arrepio, à tona. Há correntes subterrâneas e profundas, invisíveis, de que não descortinamos a origem, nem saberemos, nunca, a causa.
Quando, manhã cedo, chegou à porta de casa do amigo, advogado, o homem - que envelhecera imenso de espírito, na noite anterior - reparou que as mãos lhe tremiam. E, quando falou, ao ouvir-se a dar bom dia, foi-se apercebendo, também, que a voz estremecia a cada nova palavra que pronunciava. Se o discurso, depois da insónia ou vigília, era coerente e pensado, as frases iam sendo ameaçadas por lágrimas que não conseguia controlar.
Hoje, esse homem fala do episódio real, com frieza e distância, mas não deixa de se lhe notar a pele lisa na testa e nas fontes, que acusa uma crispação desusada e emotiva. E, ao que parece, transparece das suas palavras, uma saudade estranha...

Pinacoteca Pessoal 47 : Goya


Não sendo eu grande apreciador de Goya (1749-1828), não posso deixar de reconhecer a importância marcante e decisiva da sua obra. Que justificou, na esteira de um Bosch, a sequência posterior de um Picasso, de um Soutine, de um Francis Bacon.
E, não sabendo explicar bem porquê, os "Caprichos" (de que se mostram 3, em imagem) parecem-me apropriados ao nosso tempo e aos dias de hoje. Num retrocesso ou num renascimento a que a Humanidade estará sempre sujeita. Ou condenada.

De W. H. Auden, mais 3 "shorts"


Estático entre ruinas, o conquistador possuído pelo horror, exclamou:
"Porque é que eles tentam denegar o meu destino? Porquê?"
...
Porque serão tão altos os edifícios públicos? Como podes não saber?
A razão, é por serem tão rasos os espíritos do povo.

"Casos difíceis fazem as más leis", como os políticos aprendem à sua custa:
E assim nos chega o contributo do artista - "Quem generaliza está perdido."
...
Não sonhas com um mundo, sociedade, onde a coacção não exista?
Sim: onde a um feto seja possível decidir se nasce.

Paisagem matinal do dia seguinte


Limpa de pássaros, a manhã abria-se ao sol de Inverno das ruas desertas. Mas, da copa densa da árvore grande, vinham uns flébeis e maviosos trinados de algum pássaro tímido. No café silencioso, onde fui comprar o jornal, dois velhos, debruçados sobre a mesa, pareciam dobrados ao peso dos anos e do tempo a que assistem.
Que terá ficado da raiva de ontem que - mais que justificada - se espalhou pelas ruas das cidades, como um rio caudaloso, justiceiro e vingador? 
Quero acreditar que tenha sido como que um feitiço primitivo, irracional, que atinja os seus propósitos, instintivamente. E que alguma coisa mude, radicalmente, atingindo as causas: uma ira divina, um fulgor bíblico de justiça que destrua os fautores torpes desta "apagada e vil tristeza" portuguesa.

sábado, 2 de março de 2013

Revivalismo Ligeiro LXXXVII : Jacques Brel

Bibliofilia 77 : Aquilino Ribeiro


É sabido que, de Aquilino Ribeiro (1885-1963), algumas das obras menos frequentes e difíceis de adquirir são: a edição original da monografia "Oeiras" e "Leal da Câmara: vida e obra". Também as tiragens especiais, com ilustrações de pintores portugueses (de Pomar a Hogan...), editadas pela Livraria Bertrand, não aparecem muito à venda. Bem como alguns livros que Aquilino escreveu para crianças.
Esta obrinha, em imagem, "Os Olhos Deslumbrados", em papel de jornal, frágil, também não é frequente estar disponível em alfarrabistas, ou constar de leilões de livros. Editada pelo jornal Diário de Lisboa, em 1955, era um brinde-oferta de Natal, aos leitores. Com 64 páginas, inclui a novela homónima, que constava, inicialmente, do livro "Filhas de Babilónia", de 1914. A capa tem um desenho original de Carlos Botelho.
Comprei o meu exemplar nos anos 80 do século passado, por Esc. 150$00, em Lisboa.

A par e passo 31


LXV

O sonho é o fenómeno que nós observamos apenas em ausência. O verbo sonhar não tem praticamente nada de «presente».

LXVII
Pesadelo

O pesadelo, este sonho impotente, que rompe o encantamento, esta imagem enterrada viva, - eleva-se até à precisão mais assustadora, à nitidez do real - Esta nitidez marca o esforço desesperado.
Como o desesperado da véspera busca o sono absoluto, o desesperado no sono procura o despertar.
Como o homem submerso se debate desesperadamente contra a água para vir à tona, os maus sonhos engendram os actos desordenados da memória. A água que afoga, são as acções escondidas dos genes do funcionamento orgânico. O solo que lhe falta para usar as suas forças, - por causa do qual ele as dispersa e as consome em vão e em todas as direcções do espaço, - é a localização e a determinação destas impressões que o atormentam através dum véu.
O sonhador, cujo sonho se prolongasse, dissipar-se-ia, - descarregando todos os seus recursos mentais sobre o vazio; extinguiria todas as suas possibilidades neste vazio.

Paul Valéry, in Tel Quel II (pgs. 205 e 207).

sexta-feira, 1 de março de 2013

Da Janela do Aposento 29: Em defesa da Independência


No campo da investigação e, designadamente no que respeita à independência e liberdade no ensino, seja qual for o grau, têm surgido notícias preocupantes.
Foi através de um artigo no DIE ZEIT que tomei conhecimento de um Apelo, não resistindo em publicitá-lo, na versão francesa, no ARPOSE. Como o texto é suficientemente esclarecedor, nada mais tenho a acrescentar. 

APPEL INTERNATIONAL POUR LA PRÉSERVATION DE L’INDÉPENDANCE SCIENTIFIQUE
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En un temps où la coopération entre l’économie privée et les universités publiques est devenue, même en Europe, une habitude, il faut une fois encore poser les questions fondamentales : Qu’est-ce qu’une université ? Quelle est la fonction d’une université dans la société?
Les universités sont nées de l’idée d’offrir un lieu protégé et non mercantile à la recherche, l’éducation et à l’enseignement. Elles servent le bien commun, sont donc prises en charge par la société. En lien direct avec cette idée fondatrice, l’éthique scientifique garantit à ce lieu appelé « université » d’être à l’abri de toute exploitation partisane, politique, idéologique ou économique. La liberté d’enseignement et de recherche est garantie par la Constitution.
Dans ce contexte, on comprendra qu’une université publique ne puisse se compromettre, ni par une coopération ni par un sponsoring, avec une institution connue pour son comportement scandaleux et privé d’éthique. Ceci salit la réputation de toutes les universités et compromet l’indépendance des scientifiques, hommes et femmes, en particulier de ceux qui sont directement financés par une telle institution. Ces scientifiques en perdent leur statut de garants d’une science indépendante et soucieuse d’éthique.
L’université de Zurich, elle aussi, est née en 1833 de cette aspiration intellectuelle à l’indépendance. Elle est « la première université d’Europe qui n’ait été fondée ni par un prince ni par l’église, mais par un organisme d’Etat démocratique ». Cette fière déclaration se trouve aujourd’hui encore sur la page d’accueil de l’université de Zurich. Mais les universités d’aujourd’hui, au temps de la coopération et du sponsoring, sont-elles encore suffisamment indépendantes?
En avril 2012, la direction de l’université de Zurich a discrètement négocié un accord de coopération avec la direction de l’UBS (Union Bank of Switzerland). Il s’agit d’un sponsoring universitaire par l’UBS à hauteur de 100 millions de francs suisses et de l’installation d’un UBS International Center of Economics in Society dans les murs de l’université. Ni le citoyen ni les chercheurs et enseignants de l’université n’ont été consultés. Le contrat entre l’UZH et l’UBS a été signé secrètement au printemps 2012.
Le voilà mis en évidence, le problème du sponsoring: la direction de l’université accepte que la banque utilise l’espace universitaire comme plate-forme de ses intérêts. Or par le passé l’UBS ne s’est pas privée d’activités éthiquement douteuses. Le fait que l’UBS puisse maintenant placer son logo à l’université de Zurich n’a donc rien à voir avec la science, mais avec le marketing.
En fait, voici un bel exemple pour illustrer la problématique du sponsoring scientifique. Dans d’autres pays européens on trouverait aussi plusieurs cas douteux de sponsoring universitaire. (En juin 2011 la Deutsche Bank a dû se retrier d’un sponsoring universitaire à juste titre critiqué). Ceci illustre à quel point - au contraire du mécénat et de fondations désintéressées - les sponsorings liés à des contrats secrets et à des intérêts particuliers représentent un danger pour l’indépendance de la recherche et de l’enseignement. L’éthique académique est en jeu.
En tant que citoyens, chercheurs, scientifiques et étudiants, nous en appelons à la direction des universités et à tous les responsables de l’enseignement en Suisse et à l’étranger afin qu’ils prennent soin de cette précieuse liberté académique, garantie par la Constitution, et qu’ils ne mettent pas en danger l’éthique scientifique par de problématiques coopérations.
Soutenez vous aussi cet appel par votre signature et rendez citoyens et scientifiques attentifs au problème. Merci.
Signez sous www.zuercher-appel.

Post de HMJ

René Aubry : "Tension"


A beleza de nenhures


Sempre que regresso à região outrabandista, há um olhar a que nunca consigo resistir, pouco antes de chegar ao fim da Ponte. Ao fundo, do lado direito, aqui há uns 15 ou 20 anos, reparei que havia uma pequena enseada, no Tejo, de águas calmas, a que as ruinas de uma chaminé, bem alta, e três paredes calcinadas e semi-derruidas (fábrica antiga de conservas?), davam um aspecto e sabor neo-gótico e fantástico.
Pouco a pouco, o vazio em volta foi sendo ocupado. Primeiro, dois ou três barracos toscos e inestéticos - que pensei serem de pescadores ocasionais e bissextos - foram sendo colocados, próximos da pequena linha estreita das areias ribeirinhas. Depois, três ou quatro pequenos barcos rústicos, que fui vendo atracados à baía, num colorido pálido e balouçante. Mais tarde, uns casinhotos foram sendo acrescentados, numa arquitectura desagradável, mas porventura útil, para quem não tinha casa. E os barcos, na pequena angra, foram também aumentando, com o tempo.
Hoje, para além de cerca de dez casinhotos, reparei que havia uma pequena plataforma sobre as águas, aí a uns 3 metros da areia. Uma espécie menor que fazia lembrar, arremedando, aquelas estruturas oceânicas para pesquisa e extracção de petróleo... O espaço, que antes era de nenhures e belo, na paisagem, foi-se descaracterizando com feiura.
"A Natureza é sempre bela" - não sei quem o disse, nem me lembro onde li a frase. Mas a pequena enseada, no Tejo, que eu tanto gostava de contemplar, mesmo que por breves momentos, e cá de cima da Ponte, foi perdendo o seu encanto quase mágico. O Homem consegue quase sempre destruir o que, naturalmente, é mais belo na Natureza. E, contra isso, nada podemos fazer, a maior parte das vezes.

Numa emergência...


Paráfrase adaptada de um conto dos irmãos Grimm


"A princesa tinha o dom de chorar pérolas, em vez de lágrimas.
Estas coisas nos nossos dias já não acontecem, porque se ocorressem, os pobres e desprotegidos facilmente poderiam enriquecer."

Do conto "A guardadora de Patos", dos irmãos Grimm.

Stéphane Hessel (1917-2013)

Ainda há 3 dias (poste "O beco", 25/2/13), eu tinha referido uma das suas últimas intervenções cívicas, num diálogo com Daniel Cohn-Bendit, promovido pelo "Obs.". Mostrava-se um pouco decepcionado com o rumo da res publica, mesmo na França, mas mesmo assim isso não o impedia de dar o seu contributo de ser humano pensante, em relação a um melhor caminho para o mundo. Na melhor tradição dos intelectuais europeus responsáveis, Stéphane Hessel intervinha, sempre que podia e na medida das suas forças, pelo pensamento. E fê-lo até ao fim. Faleceu, tranquilamente, em França, na noite de 27 de Fevereiro de 2013.

Adagiário CXXIII : Março (4)


1. No tempo do cuco, tanto está molhado como enxuto.
2. Em Março, nem migas, nem couves, nem esparto.
3. Quando florir o maracotão, os dias iguais são.
4. Água de Março, quanta o gato molhe o rabo.