domingo, 14 de fevereiro de 2016

Glosa (6)


Domingo. No tempo em que eu ia à missa, e já começara a pensar, embora impreparadamente, apreciava bastante aqueles oficiantes (raros, aliás) que, depois da leitura do Evangelho, glosavam de forma inteligente e clara aquilo que tinham acabado de ler para os paroquianos, através de uma interpretação pessoal comentada. A grande maioria dos padres, no entanto, limitava-se a reproduzir a história do Evangelho, de forma canhestra, vacilante, como que num eco desfasado e paupérrimo de palavras banais. O que me dava um grande tédio, quando não, bocejo e sono...
Há dias, e durante cerca de 25 minutos, na SIC-notícias, a propósito do recente terramoto de Taiwan, uma inepta e verborreica jornalista tentava, por palavras, comentar as parcas e repetitivas imagens que iam aparecendo no ecrã sobre a tragédia. O que ela dizia não ultrapassava, em nada, o que íamos vendo, porque decerto não sabia chinês, nem lho traduziam para ela poder acrescentar um pouco mais de explicação a essas imagens que, continuamente, iam passando no ecrã. Repetiu, assim, as mesmas banalidades umas quatro ou cinco vezes, num péssimo trabalho jornalístico.
Mas não é caso único. Já me habituei, também, a que depois de um corriqueiro discurso político (do PR, por exemplo) o(a) inefável jornalista de serviço, imediatamente e durante quase outro tanto tempo, comece logo a debitar em sotto voce, como que a explicar aos palermas dos telespectadores, as sábias palavras da mensagem política ouvida. Tudo isto me provoca um inenarrável tédio e uma cansada irritação.
Para não falar da multidão de comentadores minorcas que pululam por aí e que glosam dias e dias, interminavelmente, aquilo que vai acontecendo (política, futebol...) numa linguagem de pau seco e num eco de plágio sistemático que, mesmo muito espremido, não traz sequer uma ideia nova ou uma única achega original. Será que isto nunca mais muda? Será que esta gente não tem um mínimo de sentido crítico?

2 comentários:

  1. Transmitem em direto umas declarações e depois o jornalista, que era melhor estar calado, repete - na maioria das vezes, mal - o que acabámos de ouvir. Irrita-me.

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    1. A redundância predomina. Ontem, num canal generalista, "consagraram" a terceira notícia a uma canalização avariada de um lar da província, com depoimento dum filho preocupado com as cheias e os pais velhotes. Basta de infantilidades mediáticas!

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