quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Antonio Gamoneda (Oviedo, 1931)


Adiós

Esta é a terra onde o sofrimento
é toda a medida dos homens. Dão-
-me pena os condes com o seu leal faisão
e os cobardes com o seu fiel lamento.
A beleza vai-nos servindo de tormento
e a injustiça vai permitindo o pão.
Um dia brindareis pelos que tenham
convertido a dor em fundamento.
Nós que vivemos para dar alcance
a tão imensa luz que não poderia
um deus olhá-la sem tornar-se cego,
ainda teremos que atingir o lance:
de atirar ao silêncio a agonia
como quem lança o coração ao fogo.

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