segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Sinopse de viagens régias portuguesas, por um modesto amador de História


Talvez por extremos, na Europa, foram os nossos reis parcos viajantes. Se a capital oficiosa portuguesa foi descendo pelo mapa e no tempo, de Guimarães até Lisboa, passando por Coimbra e Leiria, e chegando a Évora, nos últimos reinados da segunda dinastia, as deslocações para fora do território nacional, tirando Espanha (por negócios políticos, tratados, escaramuças ou batalhas, e casamentos) e o norte de África (pela conquista), foram sempre raras e episódicas, por parte dos nossos monarcas.
Se o conde D. Henrique, pai do nosso primeiro rei, veio de França, e D. Afonso III lá esteve, antes de subir ao trono, terá de se esperar até D. Afonso V, para que um rei português pise, de novo, o solo gaulês, se exceptuarmos o regente D. Pedro, seu tio, duque de Coimbra, que esse, sim, cumpriu as "sete partidas do mundo", para depois vir a morrer em Alfarrobeira, ignominiosamente. Sublinhe-se, também, na primeira dinastia, o triste destino de D. Sancho II que foi morrer a Toledo, por exílio, onde está sepultado. E o único rei luso que nem depois de morto regressou a Portugal.
De resto, só os Braganças, da quarta e última dinastia, viajaram mais. D. João VI, em direcção ao Brasil, para escapar aos exércitos de Napoleão, e D. Pedro IV que por lá andou e gerou numerosa prole. Mais um grande intervalo, para registar, as visitas diplomáticas de D. Carlos pela Europa, bem como as viagens de D. Manuel II, nosso último rei, que acabou por morrer exilado na Inglaterra.
Mais domésticos e sedentários do que cosmopolitas, os nossos reis foram-se ficando, quase sempre, pelo terrunho pátrio. O que também terá contribuído, porventura, para uma certa estreiteza de horizontes mentais, em muitos casos.

2 comentários:

  1. É verdade. Eram muito caseiros. E parece-me que os presidentes também, com excepção para Teixeira Gomes (talvez) e Mário Soares. Será? Bom dia!

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    1. Penso que deve estar certa, com os Presidentes. Feitos os balanços, talvez Cavaco também tenha viajado bastante. Só que não lhe beneficiou a mundividência mental..:-)
      Bom dia!

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