quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Recuperado de um moleskine (20)


Este desapego do tempo à nossa conveniência: quando mais precisávamos da sua compreensão e conforto, mais ele se revela arredio e selvagem, nas suas manifestações.
Insensivelmente, fomos substituindo, neste esperanto de cosmopolitismo cego e saloio, a samarra pela parka, sem pedir licença a ninguém. É, realmente, a ela que me aconchego, em protecção do vento e da chuva, que se mantêm insistentes e inóspitos, pela rua.
E só me apetece chegar a casa. Ao borralho doméstico, materno, imemorial. Às palavras, enfim, que nunca mudaram de nome, desde a infância.

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