Foi moda, por cá, a partir do último quartel do século XX, começarem a aparecer obras completas de alguns poetas, que se encontravam ainda em pleno exercício da sua arte e a meio da vida. Nem Herberto Helder escapou a esta tentação, e andam por aí as suas Poesia Toda, que ciclicamente ia editando...
Não sei se haverá muita afinidade entre Política e Poesia, para além de serem uma vocação humana estimável. Mas é verdade que, ultimamente, vários políticos juniores portugueses se afanaram e esfarraparam em contribuir para a publicação das suas autobiografias, cujo interesse não deve sequer alcançar a região dos seus fregueses... Ânsia de protagonismo, com certeza.
Mortos, provavelmente, não inspirarão decerto nenhum posterior biógrafo autorizado e competente, até porque as suas vidas terão sido excessivamente rasteiras e desenxabidas, para deixar rasto e interesse. Quase nenhum se aproximou sequer da altura política e da qualidade literária do autor de A Abelha e o Arquitecto, por exemplo. Mittérrand, quero eu dizer.
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