quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Paternalismo por via administrativa


A notícia faz capa no jornal Público, de hoje.
As cafeeiras portuguesas embalam os pacotinhos com 6, 7, 8 e 9 gramas de açúcar para acompanhar a venda do café, consoante a torra, da sua marca, é mais carregada (à espanhola, como a Delta) ou mais leve (à portuguesa, como a Nicola). Pois agora a DGS, talvez porque não tem mais nada que fazer, decidiu propor ao governo uma redução para metade do açúcar nas saquetas... Exorbitou, quanto a mim, nas suas competências, por bizantinice.
Do meu ponto de vista trata-se de um paternalismo inqualificável e que revela uma visão infantilizada dos utentes. Uma autêntica ditadura administrativa sobre os consumidores de açúcar, e é por estes sinais que se vê como estes pequenos tiranetes burocráticos procuram formatar tudo à sua volta. Como se os utentes não tivessem vontade, nem cabeça ou tino. Ou não pudessem pedir 2 saquetas, no futuro, em vez de uma. Arre!, que são burras e pernósticas estas directorias-gerais.


Em post-scriptum e para desanuviar, aqui fica mais um pacotinho de açúcar, com a lenda de Coimbra (2/20), da série do Café Chave d'Ouro.

9 comentários:

  1. Não concordo consigo. Tb devia propor a redução de açúcar nas bebidas.
    Os portugueses gostam muito de doces muito doces, mas dantes só se comiam de vez em quando. Agora há uma grande percentagem de diabéticos na nossa população que tb tem a ver com a vida sedentária.

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    1. Tive outro desacordo amigo, via internet (gmail)..:-)
      A ver se clarifico: a ideia da DGS parece-me ilegítima, por questões de liberdade individual (pode não se concordar com o aborto, ou com o suicídio, mas...) e por uma tosca estratégia infantil - a ir avante a ideia, qualquer cliente, num café, pode pedir uma segunda saqueta de açúcar.
      Não ponho em causa, no entanto, os eventuais malefícios do abuso do açúcar e o seu uso intenso em "bolicaos" e quejandos.

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    2. Continuo a achar bem que se reduza o açúcar nos pacotes. Até há há gente que só põe metade do pacote e é um desperdício...
      E realmente quem gostar do café bem docinho, pede dois pacotinhos.

      Há uns dias vi um programa na tv sobre miúdos gordos. Nossa!!!...
      Até há pais que dão aos filhos pacotes de batatas fritas para a merenda da manhã!... Isto dá para acreditar?!

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  2. Céus, hoje vejo-o muito liberal. Quase ultra!
    Concordo consigo, mas esta medida é como quase todas as que pretendem defender a "saúde pública". Paternalista, certamente. Inútil, também.
    Ontem, na minha página do Facebook comentei assim:

    «Sr. Paulo, por favor, o meu cimbalino é com dois pacotinhos de açúcar.

    Acho bem que se façam esforços para reduzir o consumo de açúcar. Que o Estado informe, que as escolas ensinem, que as famílias eduquem e que cada adulto seja responsável.
    Quanto a medidas destas, não atacam o problema principal: os efeitos ambientais do "pacote" propriamente dito. Milhões e milhões de árvores abatidas, milhões e milhões de toneladas de carbono na atmosfera, tudo ao serviço de uma economia de pacotilha. Marketing e publicidade, esses símbolos da decadência capitalista e da degradação moral da humanidade, imperam, protegidas por legislação corrupta.
    Pugnarei sempre pela proibição dos "pacotinhos", porque, para adoçar o café de forma decente e higiénica basta um açucareiro adequado. Infinitamente reutilizável.

    Sr. Paulo, para mim, já sabe, três pacotinhos de açúcar daqueles de 3 gramas!»

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    1. Já me apercebi que o tema é polémico e que o mundo, lugar perigoso, está cada vez mais autofágico.
      Eu creio que a perfeição está algures no futuro, ou já aconteceu no passado. No tempo em que, nos velhos cafés, havia açucareiros de metal, nobres, generosos e elegantes, aonde clientes insensatos se iam servir à tripa-forra, para adoçar o café.

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    2. O que se passava com os açucareiros nos cafés, neste país, é que as pessoas metiam a colher do açucareiro dentro da sua chávena de café ou galão ou metiam a colher do seu café, depois de lambida, dentro do açucareiro. E não sei se estão melhores, deste ponto de vista.
      Uma vez o João Soares, quando era presidente da CML, disse uma coisa muita certa: Os portugueses são muito limpos em casa e muito porcos na rua.

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    3. O João Soares tinha (tem) toda a razão.
      Mas que os açucareiros metalizados eram bonitos, eram!
      Um bom fim-de-semana!
      (na zona outrabandista está um Sol radioso!)

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  3. confirmo, em Coimbra vive uma Princesa mas infelizmente falta-lhe o cavaleiro...
    Quanto ao resto devo dizer que a dita princesa gosta muito de café adocicado talvez não necessite da totalidade do pacote mas, gosta de açúcar no café. Em casa usa adoçante mas, fora dado que nem todos os adoçantes são bons substitutos usa açúcar
    Eu acho que o problema está mais nas comidas processadas e refrigerantes do que no hábito de colocar açúcar no café a acção devia começar por outros produtos.

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    1. Pôs o dedo na ferida, Teresa. Refrigerantes e comidas industrialmente preparadas todas levam açúcares. Parece o deslumbramento com o açúcar, no século XV português, que até para cozerem galinha lhe metiam carradas de açúcar. Basta ver o Livro de Cozinha da infanta D. Maria, filha de D. Manuel I.
      O cavaleiro há-de chegar, espero é que a mereça..:-)

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