I
Acabei por escrever-vos uma carta tão seca. Mas tudo aquilo que não pude dizer
foi enfunando e assim pleno, como outrora os dirigíveis
pode, finalmente, partir pelo céu durante a noite.
II
A minha carta está agora nas mãos do censor. Ele acende a sua lâmpada.
Nesse súbito clarão, as minhas frases evoluem como pequenos símios por entre grades de metal
que eles vão abanando, fazendo momices e arreganhando os dentes.
III
Terão de ler por entre as linhas. Havemos de nos ver dentro de duzentos anos,
quando os microfones estiverem esquecidos por dentro das paredes dos hotéis,
e quando puderem, por fim, adormecer, como se se transformassem em eternas trilobites.
Tomas Tranströmer (1931-2015), in Stigar (1973).
Bem... o futuro não é nada promissor.
ResponderEliminarOutros mundos, outras culturas, outra mentalidade...
EliminarBoa tarde!