sexta-feira, 15 de maio de 2015

2 destaques de uma crónica


Admitamos que as crónicas de António Guerreiro, na ípsilon do jornal Público, não são fáceis, nem simples. Que, por vezes, têm o seu tom críptico e/ou sibilino, que raramente poderá ser perceptível para a maioria. Mas importará, também, sublinhar a sua argúcia a desvelar alguns dos tiques pimbas nacionais, alguma grossaria preponderante na nossa sociedade. E a sua denúncia realista ao apontar aspectos menos óbvios da banalidade confrangedora de uma boa parte do pensamento da chamada elite portuguesa.
Daí estas duas transcrições, que faço a seguir, do seu texto de hoje:

"...A questão é esta: Marcelo Rebelo de Sousa representa, ao mais alto nível, um discurso que quer passar por análise ou comentário político, mas de onde a política foi completamente evacuada. (...) Para ele, toda a política é uma questão de tácticas, de fintas e simulações. E ganha o que for mais cretino. É desta matéria que são feitas as suas prelecções, enquanto animador do crochet televisivo. ..."

7 comentários:

  1. OK, eu acho isso de Guerreiro, críptico, sibilino, arguto - e também vingativo, esquivo...
    Mas a crónica de hoje, que já li na diagonal (leio sempre na diagonal, porque cheguei à conclusão que é a única maneira de o entender) não é críptica, é apenas crítica. E bastante primária - não só pelos termos, mas porque quando um colunista deste calibre coloca Marcelo como alvo está a colocar-se ao nível do próprio visado - ou dos que o seguem.
    Fiquei bastante surpreendido... 3:-)

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    1. Ninguém é perfeito.
      Dito isto, convém lembrar que, na boa tradição das impolutas famílias eternas portuguesas, Rebelo de Sousa foi muito bom aluno e chegou a professor catedrático; teve, além disso, a apadrinhá-lo, no baptismo eclesial, o também pusilânime, Marcelo Caetano. O Adriano, transmontano, que foi ministro de Salazar, na minha opinião, desenvolveu-se melhor, e com outra dignidade de pensamento alargado, mesmo de direita.
      Entre a cegueira e a saudade, há muito boa gente que, não indo à missa ao domingo, ouve religiosamente o professor histriónico.
      Como os ieltsins e os putins deixaram apear as soviéticas estátuas de Lenine e Estaline, acho salutar que, por cá, também se comecem a derribar alguns mitos e fascinações primárias, objectos de adoração, dos ingénuos telespectadores lusos.
      E, para isso, é bom alguém dar o sinal de partida...

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  2. A vichyssoise, uma simples sopa ou uma ementa que metia sopa, diz tudo sobre MRS e os seus comentários políticos. De tricas e intrigas.
    Bom dia!

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  3. Vai é conseguindo levar a água ao moinho dele... o que me irrita bastante. :)

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    1. Em resumo, eu diria que é tudo uma questão de nível. A leitura das crónicas de um exige que subamos de nível e pensemos; ouvindo o outro, podemos rasar o solo, com grande facilidade..:-)
      Boa tarde!

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    2. Ora aí está uma coisa com a qual concordo totalmente! Por isso me desiludem, por vezes, as irritações de AG... são por coisas tão rasteirinhas.
      (No fundo, é isto: para escrever a maltratar o Marcelo, até eu escrevia uma coluna no Público).

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    3. Não estou de acordo consigo, porque a desmontagem dos mitos, mesmo que menores, é importante fazer-se. A "cruzada" de AG é contra a massificação e a quantidade, a favor dum conceito próprio de qualidade. Podemos é discordar das suas escolhas temáticas..:-)

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