A minha ideia de um Bertolt Brecht (1898-1956) folgazão, seguro de si, bom garfo, comunista convicto, alterou-se significativamente com a leitura de uma recensão crítica de Michael Hofmann (TLS nº 5811) à obra Bertolt Brecht - A literary life, de Stephen Parker. O dramaturgo alemão tinha, às vezes, ataques de pânico, faltas frequentes de apetite, conversas incoerentes, bem como movimentos descontrolados, provavelmente, por sofrer do síndrome de Sydenham (ou dança-de-são-vito). E, embora fosse adepto do marxismo, desde 1926, a sua forma prática na ex-R. D. A., merecia-lhe as maiores reservas. Daí ter mantido, até à sua morte, cidadania austríaca, dinheiro na Suiça, casa na Dinamarca, editor em Frankfurt e médico em Munique...
Surpreendeu-me também a sua fobia de ser enterrado vivo. Deixou escrito que queria ser sepultado em caixão à prova de vermes: de aço, e não de zinco. E que um médico desse um corte profundo na sua artéria femural, quando o tivessem considerado morto, para uma certificação absoluta. Esta última parte não me surpreendeu tanto, porque sabia de alguém, meu conhecido, que, nos anos 50 do século passado, também quis que lhe dessem um corte na carótida, aquando da sua morte, para certificação segura do estado do seu corpo, antes de ser enterrado.
Nota: o retrato de Brecht, que encima este poste, é de Rudolf Schlichter (1890-1955) e foi pintado em 1926. Acho-o magnífico.
Já tinha lido algo sobre Brecht (não me lembro onde) que o mostrava com humor oscilante e com ataques de pânico.
ResponderEliminarO quadro é, na verdade, magnífico, mas se perguntassem que era o retratado não chegaria lá.
Eu desconhecia...
ResponderEliminarRealmente fazíamo-lo mais cheeinho de cara, oval. Mas há fotografias da época (1926) de Brecht, em que se notam alguns traços.
que era o retratado = quem era o retratado
ResponderEliminar:(