Por três vezes, hoje, a cegueira se cruzou comigo.
Para quem, como eu, utiliza com alguma regularidade o metropolitano, faz sentido eu dizer que, a maioria dos desprotegidos residentes (embora móveis através das carruagens) são ou músicos, ou cegos. E as nacionalidades serão duas: a portuguesa, quanto aos cegos, a romena, quanto aos músicos. Ambos se manifestam pelo som. Não deixa de ser desagradável o batimento seco da bengala, no chão das carruagens, de um dos cegos nacionais. E, no meu entender, ele acentua a batida (como hoje) quando está mais mal disposto - fantasia minha, talvez...
À tarde, chegou-me à mão um postal amigo reproduzindo um quadro, onde a personagem principal é Dom Pérignon. Cego, ele, também, e ao que consta.
Finalmente, à noite, estive a ouvir uma magnífica conferência (1977) de Jorge Luis Borges, em que ele fala da sua própria cegueira e aborda as cores da sua vida. Destaca o seu gosto pelo amarelo que ele recorda como primordial, desde que o viu, pela primeira vez, nos tigres do jardim zoológico. Contrastando com o negro. Da cegueira?
como os girassol tem pétalas amarelas e sementes pretas mas, encontra sempre a luz o amarelo deve ter mais força que o negro...
ResponderEliminarBem observado..:-)
EliminarEu gosto bastante de amarelo (exceto para me vestir), principalmente de flores amarelos. É das cores que causa mais impacto: não é por acaso que as riscas para assinalar os degraus são pintadas de amarelo assim como a risca que assinala a zona de perigo nos cais do metro.
ResponderEliminarAcho que esse cego que bate com a bengala no chão - e sim, quanto mais pragueja, mais bate com a bengala - irrita as pessoas. Falo por mim,
Sou-lhe um pouco indiferente, o azul é a minha cor preferida. Mas a minha mãe também gostava imenso do amarelo, gostos não se discutem...
EliminarE não falei do jovem, que vai praticando "rap" e entoando qualquer coisa, porque já não o vejo há muito. É, para mim, dos mais cansativos e irritantes.