quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Apontamento 51: Porto



Considero que as viagens, feitas na altura própria do crescimento físico e mental, acrescentam “categorias de referências” insubstituíveis. Penso também que o conceito de viagem, como eu a entendo, carrega consigo toda a subjectividade individual e a interpretação própria dessas categorias. Obviamente, não estou a falar de viagens de turismo, de folheto.

Se na juventude procurava “um mundo fora do quotidiano conhecido”, na idade, e com os incómodos inerentes à mudança, concentro-me na descoberta de pormenores. Aliás, sempre gostei mais de passear pelas cidades e olhar para o edificado do que passar muitas horas em exposições e museus.

Do Porto sempre gostei pela diferença. Dos edifícios, das casinhas estreitas, das lojas do comércio tradicional. Quando passava pelo Porto, alguns dias, ficava, normalmente, na zona de Aldoar, circulando pela Avenida da Boavista e passeando pelas Ruas de Santa Catarina, pela Praça de Filipa de Lencastre e a zona de Carlos Alberto.

Desta vez, fiquei na Praça da Batalha. Com uma vista privilegiada, de um 6º andar, sobre a Praça e os montes à volta da cidade que, aliás, nunca tinha visto de uma perspectiva “terrestre”. O poiso fora escolhido pela proximidade do Jardim de S. Lázaro, não pelas razões que algumas más-línguas possam atribuir a um espaço público transformado em “casa de passe” ao ar livre. Cobiçava, isso sim, os “tesouros verdadeiros”, que se escondem no palácio fronteiriço e que dá pelo nome de Biblioteca Pública Municipal do Porto.

Fiquei, pois, com uma experiência positiva, e renovada, do funcionamento da BPMP e com a confirmação de um trânsito perfeitamente caótico no Porto. Aliás, assim que o programa o permitiu, meti o carro num estacionamento até à hora da saída. Conhecer o Porto, de facto, é a pé e de transporte público.


Também reparei na degradação impressionante do edificado da zona da Cedofeita quando comparado com uma Boavista ou a Foz. A Praça da Batalha parecia a mescla de gente do Intendente de Lisboa, com as arcadas do antigo Cinema de Batalha ocupadas por sem abrigos. Do 6º andar do Hotel, a Praça da Batalha permitiu o olhar sobre uma cidade, uma sociedade “doente” nos seus alicerces. A decadência de uma cidade a contrastar com o esforço de sobrevivência do “homem comum” que nada deve aos “ares superiores” da gente da Boavista, da Foz e dos poderes públicos que, infelizmente, “não a estimam”, i.e., a sua cidade.


Post de HMJ

6 comentários:

  1. Ainda bem que encontrou a BPMP a funcionar bem. A vista da Batalha é bonita. Fiquei, muitas vezes no Hotel da Batalha, com uma excelente vista, embora se gostasse mais do GH Infante de Sagres, mas a este faltava-lhe a vista.

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  2. Para JAD:
    para o Infante de Sagres, faltava a vista e o "tempo" e implicava uma caminhada mais longa até à BPMP.

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  3. Eu tb costumava ficar no Hotel da Batalha. Mas das últimas vezes que fui ao Porto, achei a zona horrível.
    O trânsito no Porto, para mim, sempre foi caótico. Se dizem mal de Lisboa, guiar no Porto...

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  4. Para mim, viajar é um misto de ver exposições, museus, igrejas, palácios, etc., e passear pelas cidades. Por isso não gosto de cidades excessivamente grandes, para poder andar a pé. E sabe quem viaja comigo, que sou muito pedestre. Refilo muito, quando tenho de andar de metro, mesmo que seja para fazer um caminho que já fiz dezenas de vezes. Lá por baixo, não vejo nada.

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  5. Para MR:
    Achei a Batalha mais próxima da realidade, embora me chocasse a degradação. Também gosto mais de andar de autocarro do que "lá por baixo", mesmo em Lisboa, porque odeio a mudança do metro no Marquês de Pombal e prefiro ver as "casinhas".

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