sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Mais uma crónica exemplar


Na ípsilon, do jornal Público de hoje, António Guerreiro assina mais uma interessantíssima crónica de que vamos dar uma pequeno excerto, mas que não dispensará, aos que se interessam, a sua leitura integral. Segue:
"...Desapareceu o espírito popular, mas os vários canais portugueses de televisão insistem, quase sem excepção, em construir um povo que não existe, mas cujo simulacro - pensam eles, os "produtores de conteúdos" televisivos - é telegénico que se farta e tem aquela qualidade tão apreciada pelos construtores de mentiras: o "efeito de real". Trata-se daqueles programas, reportagens e concursos frequentados por pessoas que são submetidas à deformação pelos próprios apresentadores, repórteres e entertainers para satisfazer os ditames televisivos do expressionismo grotesco. O povo construido pela televisão é degenerado, ridículo, monstruoso. E os seus criminosos construtores têm nomes publicamente conhecidos e sucesso alargado: são as Júlias, as Luísas, os Joões, os Manueis e os seus directores de programas, produtores, chefes, empresários, até ao topo da hierarquia. Há o "povo" que vem aos estúdios dos programas de televisão (quase sempre um "povo" suburbano que já conhece bem os códigos da televisão e sabe imitá-los); e há o povo que a televisão visita no seu habitat natural, geralmente os recantos profundos do país onde se vai em busca de arquétipos. Um e outro são descaradas mentiras, falsas construções que deformam até à degradação. ..."

4 comentários:

  1. Há dias que não há nada na tv para ver: ou estas porcarias, nos canais genertlistas, ou futebol, em todos os canais informativos.

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  2. Respostas
    1. Os programas são tão indigentes que passam-se dias e dias em que nem ligo o televisor...

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  3. Mal vejo televisão também. Nos canais holandeses, passam muitos reality shows (da Endemol). Um tédio. Lá vou vendo a BBC e pouco mais. Às vezes, entretenho-me a ver séries antigas no Youtube. Agora ando a rever " War and Remembrance".

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