Que não se diga, assertivamente, que cada livro requer uma estação do ano, própria, de leitura. Quando muito se poderá dizer que há obras que exigem a experiência da idade para serem fruídas na sua integralidade maior. Porque será leviano e pouco sério afirmar que ao inverno, as obras densas, e para o verão, coisas ligeiras. Em última instância, tudo dependerá da qualidade do leitor e da leitura.
"Há algo na leitura aturada desta obra, que fizemos à lareira neste inverno tão convidativo ao aconchego...", dizia Arnaldo Pinho, na Voz Portucalense, a 12/2/14, na recensão que fez ao livro "Categorias e outras paisagens", de Fernando Echevarría (1929), e de que, aqui no Arpose, reproduzi, há dias, um poema. Pois, diferentemente, é no verão que estou a ler, pouco a pouco, este conjunto de poemas de grande densidade. Que requerem uma atenção exclusiva.
E, de preferência, na varanda a leste, ao fim das tardes, para aproveitar a aragem que tempera o dia.
Devo dizer que uma e outra, a leitura e a brisa, se têm dado bem comigo. Nada destoa. Muito embora a paisagem dos poemas seja apenas ponto de partida para uma sintaxe ambiciosa e uma grande riqueza de sugestões e pensamentos, que convoca. Sendo que, do concreto, nos leva até caminhos múltiplos e abstractos que podem, ou não, conduzir ao verão. Por entre pinhais e mar, algas ou terra, aves e peixes, luz ou neblina, pode surgir, de repente e assim, um verso:
"A neve é um país de santidade."
No tempo em que um inverno implicava uma lareira e um verão um relvado e brisa fresca...
ResponderEliminarO conforto dos tempos moderno é ditado pelo ar condicionado...
Palavras de sabedoria!..:-)
EliminarEm relação aos comentários. :-)
ResponderEliminarNo verão tento ler o que fui amontoando. Este ano está a ser mais difícil dar cabo do monte, porque têm aparecido uns livrinhos inesperados que tenho de ler. E também a biografia de Salazar. :)
Não está mal: inverno para armazenar, verão, para folgar..:-)
EliminarEm tempo: pela enésima vez (porque, até 2013, o máximo que conseguira, tinham sido 70 páginas, pela edição da Inquérito, em três volumes) estou a tentar ler o "Guerra e Paz", de Tolstoi. E, um pouco, por ser um dos livros que a MR mais preza. Dá para ver que é uma obra-prima, não deu é ainda para me empolgar na leitura.
Está a ter companhia. :)
EliminarA solidariedade, mesmo que por coincidência do acaso, é sempre bonita..:-))
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