sábado, 5 de janeiro de 2013

Um poema de juventude de Juan Ramón Jiménez


Foram-te crescendo os seios por esta primavera
como se fossem maçãs que tivessem sido rosas...
um vago e terno aroma de mulher vai ficando
na brisa que rompes com as tuas pernas redondas...

Aquela suave e doce ternura de outros dias,
a volubilidade da tua carne de auroras
será para sempre como a flor de amendoeiras
caída pelo caminho vago da memória.

Estás contente: vagos relâmpagos te envolvem;
nos teus olhos, tão negros, há vinganças e cóleras
e uma ferida de sangue luxuriosa e quente
se entreabre como um lanho granada em tua boca.

Juan Ramón Jiménez, in Pasión Primera (1911-1912).

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