domingo, 6 de janeiro de 2013

Osmose (40)


Aproxima, da cabana pobre, os três cavaleiros apeados, mas sabe que o menino vai partir em breve, quase sem dizer adeus. Carpinteiro de versos de cada vez menor ofício, envelhecido, supõe-no seguindo por caminhos de outro sangue, que não seu - outra terra a que os tempos obrigaram.
Afeição também é costume. O hábito de ver todos os dias, transmissão de segredos e saberes, aplainar de caminhos, pregar pregos como marcos, sobre a pele da madeira. Afagar. Sejam lenhos ásperos, ao som de música ligeira, ou um rosto na distância abstracta dos anos esquecidos. Outros afectos foram tomando os lugares desocupados.
Abeira da cabana pobre os cavaleiros apeados... E enxota, como se fora do coração, as montadas inúteis. Sem melancolia, nem pena. Só para que sejam livres e selvagens, de novo.

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