quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Em louvor da Calhandra


Não é todos os dias que tenho o grato prazer de me deparar com uma palavra desconhecida ou nova para mim. Da calhandra sabia eu que era uma pequena ave da família da cotovia. E, não sendo muito frequente em Portugal, pode encontrar-se na Beira Interior e no Alentejo. No entanto, e segundo o Dicionário de Houaiss, calhandra pode ser também: "mulher pouco asseada". Calhandro, além de ser o macho da calhandra, é, simultaneamente, "vaso grande onde se colocam dejectos e águas sujas"(vulgo, penico). Ou seja, calhandrice é, à partida, uma palavra inquinada, embora possa ser apenas, e volto a Houaiss:"sucessão de intrigas, boataria, falatório".

A simples palavra lacão pode ser "presunto ou pernil de porco" e ainda "habitante da Lacónia"; finalmente o vocábulo crespo pode ser sinónimo de "agitado, encapelado,eriçado", mas, segundo Houaiss, pode também significar: "indecente, indecoroso e escabroso". Parece que, por mais voltas que demos, nos aproximamos sempre da escatologia que, por sua vez, também tem 2 significados distintos, no Dicionário de António Houaiss...

No meio destas traiçoeiras ambiguidades da língua portuguesa, louve-se a calhandra que não tem culpa nenhuma destas calhandrices. Que ela possa continuar a voar, livre e ligeira, nos céus de Portugal!

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