sábado, 13 de fevereiro de 2010

Simenon




Nascido em Liége, na Bélgica, a 13 de Fevereiro de 1903, Georges Joseph Christian Simenon veio a falecer na Suiça (Lausanne), em Setembro de 1989. Em 1922 fixa-se em Paris, como jornalista, chegando a entrevistar, na Turquia, Trotsky. Começa a intensificar a sua carreira de romancista. Entre 1945 e 1955, viveu nos Estados Unidos da América e, daí, o chamado ciclo de "romances americanos"muito prolífico, aliás. Simenon foi um grande criador de ambientes em tudo aquilo que escreveu; e as suas personagens, muito marcadas, são construídas, na sua obra, através de pequenos gestos que fazem, curtas frases de diálogo, apontamentos indirectos e, raramente, por descrições físicas ou psicológicas, ou adjectivos. O caso do inspector Maigret é um bom exemplo disso, nos 84 romances em que é a personagem principal. As histórias em que entra Maigret tiveram tanto sucesso que subalternizaram, injustamente, os chamados romances "duros" de grande qualidade, também, de que destaco, entre outros: "La neige était sale" de 1948, "Tante Jeanne"(1950) e "Le Président"(1958); ou ainda "La Maison des sept jeunes filles" que é um hino de alegria e frescura na arte de contar.

O primeiro Maigret foi editado em 1931, "L'affaire Saint-Fiacre", e o último, "Maigret et Monsieur Charles" (1972). Pelo meio ficou "Les Mémoires de Maigret", de 1951, brilhante exercício de estilo e desdobramento psicológico em que o célebre inspector pretende corrigir,com benevolência, as imprecisões do seu autor - Simenon. A quem tiver capacidade para digerir obras pesadas, no seu duplo sentido, (e ainda não conheça) aconselho, vivamente, a ler as "Mémoires intimes"(1978), escrito por Georges Simenon após o suicídio da sua filha Marie-Jo. E também a magnífica "Lettre à ma mére", de 1974, escrito três anos depois da morte de sua mãe, em Liége. É um livro-testemunho, de grande qualidade literária, em que o escritor trata e tenta clarificar, através da memória, as suas relações mãe-filho, ao longo da vida ("Nous ne nous sommes jamais aimés de ton vivant, tu le sais bien. Tous les deux, nous avons fait semblant...").

Simenon é um dos meus autores de referência. Nunca me cansei de o ler, ou reler.

2 comentários:

  1. Li o "Lettre à ma mére" no Verão passado e concordo consigo, é um livro magnífico. Comprei também, mas ainda não li, o «Le chat».
    Em criança lembro-me de passarem na televisão as séries do Maigret e talvez por isso acabei por não ler os livros.
    Gosto muito de diários e livros de memórias. Tinha intenção de passar os olhos pelas «Mémoires intimes», mas agora, com a sua recomendação, vou ver se as encontro. A última vez que procurei só encontrei os livros do Maigret, pelo que tive de encomendar o «Lettre» e o «Le Chat» através da Amazon...

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  2. Acho que as Memórias íntimas estão traduzidas pela Livros do Brasil.

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