terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Bibliofilia 7 : Rubén Darío






Rubén Darío (1867-1916), nascido na Nicarágua, foi um poeta importante e influente nos países de língua castelhana, nos finais do séc. XIX e princípios do séc. XX. Viajante infatigável na América e Europa, desempenhou funções consulares e de embaixador em Espanha; ao mesmo tempo, foi um dos mentores do "modernismo" e da "Geração 98".


"Prosas Profanas y otros poemas", cujo rosto da primeira edição se reproduz, de 1896, foi editado em Buenos Aires na Imprenta de Pablo E. Coni ( Palau, 68469), e teve uma segunda edição, de Paris, acrescentada de cerca de uma dezena de poemas, em 1901. O meu exemplar foi comprado, em 1991, por Esc. 8.500$00 (cca. euros 42,50), em Lisboa. Tem uma dedicatória, de Janeiro de 1897, manuscrita por Darío, oferecendo o livro a José Chocano (1875-1934), poeta peruano e aventureiro. O seu segundo proprietário terá sido Juan Bautista de Lavalle (1862-1933), diplomata. Deste passou para o grande amigo de António Nobre (1867-1900), Alberto de Oliveira (1873-1940) que também foi embaixador. Finalmente, veio parar às minhas mãos.


Na livraria "Buenos Aires Libros" (Argentina) vem anunciado um exemplar da 1ª edição, igual ao meu, também encadernado, mas sem dedicatória. O preço indicado é de : euros 3.784,20 ( ou US$ 5.000,00) - o que, manifestamente, considero um exagero.

3 comentários:

  1. INTERROGAÇÕES

    - Abelha, que sabes tu,
    toda de mel e ouro antigo,
    que sabes, abelha helénica?
    - Sei de Píndaro.

    - Leão de hedionda melena,
    meditabundo leão,
    sabes de Hércules acaso?
    - E de Job.

    - Víbora, mágica víbora,
    entre o sândalo e o loto,
    adorarias Cleópatra?
    - E Petrónio...

    - Rosa, que na cortesã
    adornaste a seda azul,
    amavas a Madalena?
    - E a Jesus...

    - Tesoura que destroçaste
    de Sansão a cabeleira,
    atraía-te Sansão?
    - A mulher...

    - A quem amais, manhã clara,
    linho, espuma, flor-de-lis,
    estrelas puras? A Abel?
    - A Caim.

    - Águia, que és a História,
    onde vais fazer teu ninho?
    Aos altos picos da glória?
    - Nos montes do esquecimento!

    Ruben Darío
    versão de Pedro da Silveira
    In: Mesa de amigos. Lisboa: Assírio & Alvim, 2002, p. 82-83

    Andava há dias para colocar um poema de Ruben Darío, poeta de que muito gosto.

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  2. Para MR, obrigado pelo enriquecimento que deu ao post através do poema de Darío, na tradução escorreita e limpa de Pedro da Silveira.
    Rubén Darío,além de ter sido um poeta dinâmico e inovador,teve um "filho natural" que eu ainda aprecio mais: Juan Ramón Jimenez que será a E.P.XX, e também a penúltima.
    Por falar em E.P.'s,posso mandar-lhe amanhã a XIX sobre o Cristovam Pavia?
    Grato, A.S.

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  3. Claro. Fico à espera. O Prosimetron agradece.

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