No panorama da poesia castelhana do séc. XIX, Gustavo Adolfo Bécquer (1836-1870) ocupa um lugar cimeiro. A sua poesia é uma confluência do romantismo, simbolismo e dos inícios do modernismo espanhol. Partilhava com o irmão, Valeriano (que lhe fez o retrato que ilustra este post), o gosto pela pintura, que também praticou, mas foi como poeta que Gustavo se notabilizou. Apesar da sua curta vida, cedo minada pela tuberculose, influenciou as gerações seguintes, de forma importante. Gustavo Bécquer que também teorizou sobre Poesia costumava dizer, citando Lamartine, que: "a melhor poesia escrita é aquela que se não escreve". As suas últimas palavras, pouco antes do Natal de 1870, foram:" Todo mortal".
Traduz-se de Bécquer um dos poemas das suas "Rimas, possivelmente inspirado numa das suas musas, Julia Espín, que cantava ópera.
Do salão, no canto mais escuro
Talvez esquecida por seu dono,
Coberta de pó, silenciosa
Podia ver-se a harpa.
Quantas notas dormiam nessas cordas,
Como pássaro que adormece pelos ramos,
Esperando a branca mão de neve
Que soubesse acordá-las.
Ah! pensei: quantas vezes o génio
Dorme assim no íntimo da alma
E, como Lázaro, espera pela voz
Que lhe diga: "Levanta-te e caminha!"
P.S.: para a "oliveira da eurídice", vai esta harpa fazer companhia ao prosaico "Teodoro".
o teodoro agradece. é sempre bom ter companhia quando se muda de casa :) e parabéns à menina
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