quinta-feira, 12 de março de 2015

Ramalho, em Paris


Ora vejam:

...Os portugueses são indolentes, pezados, mas persistentes, perseverantes, fieis e generosos; taes são as principaes qualidades que fazem o seu elogio. É um paiz onde o "menu" de um banquete de um burguez ainda hoje se cifra em tres palavras: sopa, vaca e arroz. Napoleão dizia que com soldados portugueses daria a volta ao mundo. Os homens, cuja dureza tanto admirava o primeiro guerreiro dos tempos modernos, tinham-se creado com o mais rijo dos alimentos - a broa.
Entre os portugueses são os minhotos os homens que primeiro pegam em armas e sustentam a guerra ao primeiro indicio de opressão com que os ameacem. Se estudarmos a razão d'este forte sentimento de independencia na gente do Minho, encontramol-a na saudavel frugalidade nacional do caldo d'unto e do vinho verde.

Tirando a referência à perseverança, como qualidade dos portugueses, eu estaria tentado a concordar com grande parte do resto desta citação de Ramalho Ortigão (1836-1915). Este livro (Em Paris), um dos menos conhecidos do Escritor portuense, entre outras coisas, é um hino à gastronomia e à Mulher. E lê-se, com imenso agrado, rapidamente.

6 comentários:

  1. Nunca tinha pensado no assunto mas, também cresci a comer broa ...
    :)

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    1. No fundo, uma forma sucinta de dieta mediterrânica..:-)
      E a broa, que eu também comi muito, fazia parte de chamado "contrapeso", nas padarias - vinha sempre um bocado, com os "bijous" ou "bicas" vimaranenses.

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  2. Não me lembro de o ter lido.
    Boa tarde!

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    1. Eu também o não conhecia.
      Mas posso emprestar...
      Boa noite!

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