O homem moderno embriaga-se pela dissipação. Abuso de velocidade, abuso de luz, abuso de tónicos, de estupaficientes, de excitantes... Abuso de frequência nas impressões; abuso de diversidade, abuso de ressonância; abuso de facilidades; abuso de maravilhas; abuso destes prodigiosos meios de produção, pelo artifício daqueles efeitos que são postos à disposição de um dedo de criança. Toda a vida actual é inseparável deste abuso. O nosso sistema orgânico, submetido cada vez mais às experiências mecânicas, físicas e químicas sempre inovadoras, comporta-se em relação a estes poderes e a estes ritmos que lhe inflingem, quase como se fosse perante uma intoxicação insidiosa. Acomoda-se a este veneno, e logo o exige. Cada novo dia acha que a dose é insuficiente.
Paul Valéry, in Variété III (pg. 265).
É bem verdade... Boa tarde!
ResponderEliminarInteiramente de acordo.
EliminarBoa tarde!