sábado, 4 de maio de 2013

Filatelia LXV : recordações, preferências e deslumbramentos


A memória é, de alguma forma, o nosso melhor bilhete identitário.
Lembro-me, perfeitamente, do primeiro selo da U.R.S.S. que tive na minha colecção, já lá vão umas boas décadas. Da taxa de 1 copeque, alaranjado (na imagem, ao cimo), de muito má impressão e paupérrimo grafismo, recebi-o, por troca, de um amigo. Anos mais tarde, através do Catálogo Yvert, consegui datar a sua impressão: 1923 - anos difíceis na União Soviética, de grande pobreza e fome, daí a escassez e rudimentarismo gráfico. Mas um selo soviético, naquela altura, para um jovem, era uma autêntica raridade, porque quase não havia correspondência entre Portugal e a Rússia e, a que existia, era atentamente vigiada pela P.I.D.E..
Também me recordo dos dois primeiros selos polacos da minha colecção (segunda linha superior da imagem), que me foram dados por uma boa amiga mais velha, que também era filatelista. Os selos também têm um aspecto sombrio (são do post-guerra: 1947), embora sejam de melhor qualidade que o soviético. De uma forma geral, a filatelia dos países de Leste, só a partir dos anos 50 é que começa a ter qualidade gráfica e a ser atraente, muito embora, tirando a Hungria, nunca me tivesse interessado grandemente, para além de ter imensas emissões, numa incontinência difícil de acompanhar, se comparada, naquele tempo, com o equilíbrio e reduzido número de séries anuais de paises da Europa Ocidental (Portugal, França, Inglaterra, RFA...).
Depois que me fiz sócio do americano Cover Collectors Circuit Club (membro nº 32.033), cujo cartão de confirmação me chegou no gigantesco envelope da imagem, com nada menos de 10 selos (!), os pedidos de Leste eram imensos, para troca de selos. Declinava-os, habitualmente, dizendo que não coleccionava selos desses países. Só episodicamente tive correspondência com um filatelista húngaro e outro da DDR (2 envelopes, na imagem). Mas a chegada, pelo correio, destes envelopes de países distantes e desconhecidos, era para mim, a maior parte das vezes, uma fonte de surpresa, alegria e deslumbramento, na juventude.

2 comentários:

  1. Interessante.
    Ainda sobrou um espacinho no envelope para os endereços!
    Hoje já quase não aparecem cartas com selos!

    Boa noite!

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  2. Foi realmente à justa, Isabel!..:-))
    E é pena que os selos, muitas vezes, sejam substituídos pelas franquias mecânicas, que não têm graça nenhuma.
    Boa noite!

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