Eu não sabia que as lebres comiam amores-perfeitos, mas pelo menos na Áustria, e mais precisamente em Viena, isso acontece. É o que nos diz Claudio Magris (1939), a pgs. 169/171, no capítulo "Entre os outros vienenses", do seu livro "Danúbio". No Cemitério Central de Viena, o escritor assistiu à tentativa de abate controlado de faisões, lebres e coelhos-bravos, por parte de 3 jardineiros que, uma (?) vez por ano, entre as cinco da manhã e a hora de abertura, ao público, do cemitério, tentam reduzir esta fauna prolífica que se acoita e reproduz por ali. Comem as flores (especialmente os amores-perfeitos) das jarras nas sepulturas, desenterram e mordiscam plantas ornamentais que embelezam as campas, desordenam, nas suas correrias desenfreadas, a placidez e quietude do Campo Santo. É assim em Viena, daí os jardineiros-caçadores com as suas caçadeiras de dois canos, na sua oficial rotina, ano a ano. Nessa madrugada em que Magris assistiu à caçada, no entanto, os jardineiros não foram muito felizes. Só conseguiram acertar e matar uma lebre e erraram o tiro sobre um faisão que, também foi avistado, mas conseguiu escapar. Paz à sua vida!
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