domingo, 13 de junho de 2010

Nos 5 anos da morte de Eugénio de Andrade



Conheci Eugénio de Andrade tinha ele pouco mais de 40 anos. Mas mantivera uma generosidade quase juvenil. Era bem disposto, simples, gostava de se ouvir a ler os poemas de outros poetas, e os seus. A amargura viria depois. A partir de "Obscuro Domínio" onde o "chiaroscuro" já predominava. E alguma impaciência, para com a estupidez e cegueira dos outros, que a velhice, na sua usura do tempo, traz consigo. Prefiro acompanhá-lo, de memória, a descer umas ruelas tortuosas do Porto, depois da rua Duque de Palmela, 111, em direcção ao Majestic - que me deu a conhecer - para tomar um café, antes de eu voltar a Guimarães. Ou revê-lo no Café Canas, depois de ter visitado Joel Serrão e antes de seguir para a Travessa das Mónicas, em direcção à casa de Sophia. Conforta-me a certeza que será, sem dúvida, um dos cinco poetas portugueses do séc. XX, que sobreviverá à poeira do Tempo.
Não se deve esquecer, porém, que para lá da sua alta poesia, escrevia também numa prosa luminosa, mediterrânica e clássica. Não serão muitos os seus textos em prosa. E, talvez, alguns nem sequer tenham sido reeditados. Como este, sobre Carlos Carneiro, que aqui fica. O texto de Eugénio de Andrade é de 1967, a propósito de uma exposição que o Pintor fez em Lisboa, decorria Novembro.

6 comentários:

  1. Quando hoje vi no DN uma grande reportagem sobre os cinco anos da morte de Álvaro Cunhal, lembrei-me de Eugénio de Andrade. E também me lembrei que estava em Moscovo há cinco anos, de férias.
    Bonita escolha - texto e desenho.

    ResponderEliminar
  2. Obrigado, MR,pelas suas palavras.
    E seja bem-vinda!

    ResponderEliminar
  3. Conheço mal Eugénio de Andrade, mesmo muito mal.

    ResponderEliminar
  4. Simplicidade, juventude, fidelidade. Vou reter.
    Belíssima e original homenagem. É preciso conhecer bem o todo para conseguir desencantar esta verdadeira pérola. Idem para o vídeo do post mais acima. Obrigado, APS.

    ResponderEliminar
  5. Mas penso que vale a pena lê-lo, JAD,sobretudo pela alegria luminosa dos primeiros livros, até ao "Obscuro Domínio";os restantes serão mais nocturnos, mas continua a ser alta poesia, com as tais 2 leituras - a de superfície, e a de segunda "camada", mais densa e profunda.

    ResponderEliminar
  6. Obrigado, c. a.,fico contente que tenha gostado.
    E, seguindo esse conselho do Eugénio sobre partilha: "...das coisas que te dou/ para que tu as ames comigo." - é o que tento fazer.

    ResponderEliminar