segunda-feira, 18 de março de 2019

Fauré / Rostropovich / Dedukhin

A propósito da génese de "Les Demoiselles d'Avignon", de Picasso, por ele próprio


Como em tudo, há pioneiros e seguidores ou imitadores. Os que criam, imaginam ou inventam, e os que copiam, vão atrás e se sentem fascinados em acompanhar. Muitas vezes por moda e mimetismo, simplesmente. Sem se interrogarem, quanto às razões e fundamentos.
A etnografia e culturas não europeias começaram a ganhar visibilidade e importância a partir dos anos 30/40 do século passado, aquando de várias exposições (coloniais) multiculturais promovidas pelos países colonizadores, em diversas capitais da Europa.
Demorou tempo (1995), até que fosse completamente consensual a afirmação do presidente francês Jacques Chirac (1932), coleccionador avançado e sabedor de arte africana, ao dizer: Não há hierarquia entre as artes, como não há hieraquias entre os povos. Cada povo tem a sua mensagem particular a legar ao mundo... que pode enriquecer a humanidade e contribuir com a sua parte de beleza e verdade.
Quase 100 anos antes (1907), Picasso tinha chegado às mesmas conclusões - era um pioneiro. Depois de visitar o Museu de Etnografia, no Trocadero. Vale a pena transcrever as suas palavras que explicam, de algum modo, a génese da sua obra Les Demoiselles d'Avignon, inspirada pelas máscaras africanas que viu. Seguem-se, traduzidas de forma livre, as palavras de Picasso. Assim:

Quando fui ao Trocadero, desagradou-me. A feira da ladra. Os cheiros. Eu estava sozinho e queria sair dali. Mas não consegui. Fiquei e fui ficando. Compreendi alguma coisa importante: alguma coisa me estava a acontecer, estava mesmo?
As máscaras não eram como os outros tipos de esculturas.  De forma nenhuma. Eram objectos mágicos... Compreendi qual era o objectivo delas, para os Negros... todos os fetiches eram usados para a mesma coisa. Eram armas. Para auxiliar o povo a libertar-se dos espíritos, para se tornarem independentes. Ferramentas. Se dermos forma aos espíritos, tornamo-nos livres deles. Os espíritos, o inconsciente (e nunca será demais falar dele), a emoção, é tudo o mesmo. Percebi então porque era pintor. Completamente sozinho naquele terrível museu, as máscaras, as bonecas dos peles-vermelhas, os manequins empoeirados. "Les Demoiselles d'Avignon" devem ter vindo ter comigo, nesse dia, mas nem todas, por causa das suas formas; porque foi essa a minha primeira tela de exorcismo - sim, em absoluto!

Paris é uma festa?!


Só por ironia ou humor negro, nos podemos lembrar de um título célebre de Hemingway, para caracterizar o que se vai passando, todos os fins-de-semana, na capital francesa. Entretanto, aquele que alguns detractores chamaram, na altura da eleição, o idiota útil e que ele auto-transformou em Júpiter, talvez por ser do signo do Sagitário, parece ter sido completamente ultrapassado pelos acontecimentos. Ou incapaz de lhes pôr termo.

Mas não deixo de ficar profundamente surpreendido com o silêncio de chumbo com que os nossos afrancesados nacionais se têm comportado em relação à situação francesa actual. Parece que não se passa nada por lá, de anormal. Para não falar dos comentadores políticos, nos meios de comunicação portugueses, que fingem ignorar os acontecimentos ou titubear umas hesitações que nada significam de concreto.
Ou já tudo passou à história e à banalidade do dia a dia?


Porque será?

domingo, 17 de março de 2019

Citações CCCXCV


O tédio tem a sua expressão social no domingo.


Arthur Schopenhauer (1788-1860), citado por Roland Barthes, in O grão da voz (pg. 334).

Rodrigo Leão, para o entardecer deste Domingo

Pinacoteca Pessoal 148


Descendente, pelo lado paterno, de uma família russa, John Robert Cozens (1752-1797) nasceu e faleceu em Londres. Foi com o pai, que também era pintor, que aprendeu os rudimentos iniciais da sua profissão. E foi como paisagista que se distinguiu, temática que constitui quase exclusivamente a sua obra.

Alguns historiadores de Arte consideram que terá influenciado Turner e Constable, sendo que este último pintor inglês o admirava, considerando-o o maior paisagista de sempre. Cozens deslocou-se, pelo menos, duas vezes ao continente europeu, tendo pintado alguns quadros com motivos paisagísticos da Suíça e de Itália.

A quietude melancólica e o lirismo suave dos seus quadros, não fariam prever o desequilíbrio nervoso que o atingiu nos três últimos anos da sua vida.
J. R. Cozens está representado em vários museus britânicos e no Rijksmuseum de Amesterdão.


sábado, 16 de março de 2019

De Sophia para Ruben A.


Carta a Ruben A.


Que tenhas morrido é ainda uma notícia
Desencontrada e longínqua e não a entendo bem
Quando - pela última vez - bateste à porta e te sentaste à mesa

Trazias contigo como sempre alvoroço e início
Tudo se passou em planos e projectos
E ninguém poderia pensar em despedida

Mas sempre trouxeste contigo o desconexo
De um viver que nos funda e nos renega
- Poderei procurar o reencontro verso a verso
E buscar - como oferta - a infância antiga

A casa enorme vermelha e desmedida
Com seus átrios de pasmo e ressonância
O mundo dos adultos nos cercava
E dos jardins subia a transbordância
De redodendros dálias e camélias
De frutos roseirais musgos e tílias

As tílias eram como catedrais
Percorridas por brisas vagabundas
As rosas eram vermelhas e profundas
E o mar quebrava ao longe entre os pinhais

Morangos e muguet e cerejeiras
Enormes ramos batendo nas janelas
Havia o vaguear tardes inteiras
E a mão roçando pelas folhas de heras
Havia o ar brilhante e perfumado
Saturado de apelos e de esperas

Desgarrada era a voz das primaveras

Buscarei como oferta a infância antiga
Que mesmo tão distante e tão perdida
Guarda em si a semente que renasce
                                                                      
                                                          Junho de 1976


Sophia Andresen, in O Nome das Coisas (1977).


Curiosidades 72


Com frequência nos admirámos com as escoltas presidenciais, em algumas visitas ao estrangeiro. Sobretudo pelo número dos acompanhantes que são justificados pelos mais diversos motivos, que vão desde os comerciais aos culturais, entre os mais importantes.
Ora, as régias personagens de antigamente, em visitas, também não as faziam por menos. Em Janeiro de 1729, o nosso D. João V (1689-1750) encontrou-se, no Caia, com Filipe V (1683-1746) de Espanha, que trazia consigo um séquito de 16.000 pessoas.


O encontro destinava-se à troca, com vista aos futuros casamentos, dos filhos mais velhos, futuros reis e rainhas, na sucessão dos tronos de Portugal e de Espanha. No nosso caso, de D. José (1714-1777) e de Mariana Vitória (1718-1781), pelo lado castelhano, ambos ainda adolescentes.
Não sendo tão numeroso, o séquito português compreendia, no entanto, nada menos do que 222 cozinheiros e cerca de 1.000 criados de cavalariças!
Quanto aos meios de transporte, informa-nos Caetano Beirão (1892-1968), no seu livro Cartas da rainha D. Mariana Vitória (Empresa Nacional de Publicidade, 1936), dos seguintes números:
- 10 coches.
- 8 berlindas.
- 29 estufas.*
- 141 seges.
- 7 galeras.
- 12 carros.
Não se diga, por isso, que os nossos PR exageram no número dos seus acompanhantes, quando fazem visitas ao estrangeiro. Afinal, eles cabem todos apenas num avião da TAP, normalmente. Sempre se poupa alguma coisa, nas despesas de deslocação...

* pequeno coche antigo, de muitas vidraças e dois assentos.

sexta-feira, 15 de março de 2019

Revivalismo Ligeiro CCXXVI

Ideias fixas 49


Somos amadores de paróquia rural em muitas coisas. Actores de muito pouca qualidade, ou de telenovela ronceira. Raramente chegamos ao desempenho profissional.
Repare-se, por exemplo, nas greves de fome à portuguesa, ou nos arrufos dos grupos privados de Saúde com a ADSE, e no tempo que duraram...
É por isso que, na Europa, muitos países não nos levam a sério. Justificadamente.

quinta-feira, 14 de março de 2019

Memória 129


Em país de poetas, há muitos destes vates esquecidos que, pela minha bitola, são de segunda ou terceira linha e que as histórias da literatura, mais rigorosas e/ou resumidas, nem sequer registam no seu Cânone. Com os múltiplos versejadores, hoje incensados, vai acontecer o mesmo, dentro de 40 ou 50 anos - é a lei do Tempo.
Assim acontece com José Simões Dias (1844-1899), considerado por alguns como um romântico tardio, que teve algum nome e importância enquanto vivo mas que, actualmente, nem sequer os universitários de Humanidades devem conhecer, e que dedicou a Camões, esta singela quadra, a propósito de uma página de Os Lusíadas:

Se um dia o velho enfermo do occidente
Quiser saber se ainda é vivo ou não,
Poise sobre este livro a mão tremente,
E sentirá bater um coração!

Simões Dias, que era de família modesta e frequentou o Seminário, veio a ter uma vida amorosa pouco feliz. Também enveredou pela política e foi deputado bem sucedido. A sua obra poética está inteira nestas Peninsulares (em imagem, acima) que, à data da sua morte, já contava 5 edições.
O que muito pouca gente saberá, decerto, é que se lhe deve o nosso actual "Dia de Camões" ( e das Comunidades), que ele propôs para 10 de Junho, e como membro do Parlamento, na altura, fez votar, em 1879, como então denominado "dia de gala nacional".
Mesmo que só por isso bem merece ser lembrado...

Retro (103)



Prosseguindo a senda do Arpose, para contrariar a corrente dominante da net portuguesa que privilegia temas estrangeiros, com enorme entusiasmo ou cândido enternecimento provinciano, aqui fica este vídeo de Mário Ferreira, riquíssimo em iconografia, que nos transmite o ambiente do 1900 nacional.
São cerca de 17 minutos para quem disponha de tempo, paciência e vontade.
Lá aparece o Aterro lisboeta e a Livraria Lello (Porto) em foto muito singular, crianças esfarrapadas e mulheres embiocadas, profissões hoje em desuso, tipos populares, alguns anúncios (Somatose, por exemplo) de exterior, muito singelos e ingénuos, uma rara fotografia do Hospital de Sto. António, no Porto. E tocantes instantâneos de grupos familiares. Um mundo desaparecido, enfim...
Bom proveito, a quem o mereça!...

Algaravias (4)


Do Algarve, recordo com particular apreço Lagos, a Praia da Falésia e Vila Real de Santo António. Os areais circunvizinhos de Monte Gordo e os camaleões da sua mata, que eu julguei não haver em Portugal, até ver alguns rapazes a vendê-los pelas ruas, encavalitados nos seus ombros.
Destes regionalismos algarvios seguintes, começados por d e e, é que eu não conhecia nenhum...

1. Dar as inaiças - diz-se quando uma criança tem uma birra e bate com os pés no chão.
2. Desentòvada - mulher que não se arranja, desmazelada.
3. Despacha-recados - pessoa que ouve aqui e conta além; alcoviteira.
4. Divertir águas - urinar.
5. Dornilha - tigela de madeira em que se faz o gaspacho.
6. Embeque - empecilho, estorvo, obstáculo.
7. Empelochar - inchar; criar pressão.
8. Engrúmio - raquítico; enfezado.
9. Esgravulha - pessoa irrequieta, desassossegada.
10. Estronfar - ensarilhar; confundir; dizer uma coisa pela outra.

terça-feira, 12 de março de 2019

Comic Relief (149)


Com alguma frequência, o jornal Público vem acompanhado de suplementos publicitários, em papel de maior ou menor qualidade, com grafismo de mais pobre ou mais luxuriante bom gosto. A estética das ilustrações varia muito, e claro que depende, fundamentalmente, das personagens retratadas. Com regularidade, aparecem autarcas anónimos que se aperaltam todos, com o fato de ver a deus, para a foto do seu momento de glória.
No suplemento de hoje (Business), a capa deve ter sido trocada, inadvertidamente. Porque a beleza nédia da capa aplicar-se-ia muito melhor a um suplemento que glorificasse, exclusivamente, e/ou tivesse por temática as excelências de qualquer gastronomia regional...

Citações CCCXCIV


A nossa existência não é senão um breve intervalo de luz por entre duas eternidades de trevas.


Vladimir Nabokov (1899-1977), in Speak, Memory (1951).

VIANNA DA MOTTA (1868-1948) - BARCAROLA No 1, in A Minor, OP. 1

Adagiário CCXCIII



Mais valem alimpaduras na minha eira que o trigo de tulha alheia.

segunda-feira, 11 de março de 2019

Desabafo (44)


Assisto, com alguma tristeza ontológica, à subserviência portuguesa a tudo o que é estrangeiro.
Basta passar por alguns blogues, para ver a pouquíssima atenção que dedicam a coisas nacionais.
Há por aqui, evidentemente, terceiromundismo mental, talvez vergonha à terrinha que os viu nascer e prosápia de mostrar, aos outros, que são viajados e cultos. Mas, isso, nota-se à légua, porque é mero ornamento balofo.
Tenho que ir a Pinhel, um dia destes!...

Mercearias Finas 143


Regressaram as Favas, ontem. Jovens, miúdas embora, tenras, temporãs neste mês de Março. Não conseguiram esperar por Maio, que é o tempo canónico delas, quando são respeitadoras...
Fatiado o salpicão, umas costeletas de porco, perdida a vocação, integraram-se e bem na Favada, ao lado de uma chouriça de sangue bem apaladada, mais as ervas frescas (coentros, hortelã...) que a D. Irene tinha na banca, colhidas ainda na fresca manhã outrabandista.


Acompanhou um tinto, da Quinta de Porrais 2016, duriense de cepa e já macio, apesar do Sousão do lote, casta que no Minho é Vinhão e mais áspero. Bem casado com a Touriga, mais as tintas Barroca e Roriz, acomodou-se bem nos seus 14º.
E foi assim que demos início à saison das Favas. Ou não fora a Primavera andar por aí a atrever-se...

Robert Schumann "Dichterliebe" (A Poet's Love) Song 10

domingo, 10 de março de 2019

Em tirocínio para Máxima




A beleza é uma estrutura organizada.
A que pode acrescentar-se uma estética ou elegância pessoal e subjectiva.

Natureza viva, com brotos


São três dos quatro brotos do limoeiro da varanda a sul, nesta altura do mês de Março de 2019. O congénere da varanda a leste, responde com sete - cada um dá o que pode...
Curiosamente, tenho verificado que só uma pequena parte (15 a 20%) dos ramos têm rebentos, florescem e frutificam. A ramagem restante é estéril e/ou não produz.
Que um botânico sabedor nos venha esclarecer sobre este facto, que eu considero curioso ou insólito.

sábado, 9 de março de 2019

Apontamento 123: Sensaboria



[Spätdienst, proposta de tradução: Turno da Tarde]

O autor, prestes a fazer 92 anos no próximo dia 24.3., entrou, embora ao de leve, nas minhas leituras de adolescência. Nem me lembro do(s)  títulos(s) que li, nem sequer me ficou uma ambiência, o que, com frequência, representa, para mim, a recordação de um bom escritor.

No entanto, embora Martim Walser não entrasse nesse mundo de preferência de leituras, julguei, mais uma vez, que podia tentar acompanhar a criação literária alemã e, sendo ele um autor ainda vivo, encomendei o seu último livro acima reproduzido.

O livro caracteriza-se por um conjunto de temas, motivos, com pretensões literárias, em forma de jogos de palavras e balanço em fim de vida, que, honestamente, seria exercício embaraçoso dispensável. Os joguinhos, intraduzíveis, acompanhados de tracinhos infantis da filha do autor e que se encontram na capa e ao longo do livro, fazem-me lembrar alguns alunos mais afoitos.
Empregavam palavras pela simples sonoridade que, no contexto usado, não significavam rigorosamente nada.

Essa impropriedade no uso e combinação de palavras não resulta, de todo, numa obra e muito menos literária. Faz lembrar uma expressão, que utilizamos para nos referirmos a obras sensaboronas, ou seja, “é um inconcluso desejo no limiar do transe”.

A idade de Martin Walser já lhe devia ter dado algum juízo, dormindo bem antes de publicar, anualmente, um livro, evitando certas críticas que só agora consultei.

Considero, pois, que “este engano” de alma entra no rol das encomendas infelizes, e que não estaria agora a fazer monte, se tivesse tido a possibilidade de o consultar antes numa livraria. Malefício das compras “on-line”.


Post de HMJ

Quando...


...não temos nada de importante ou útil para dizer, podemos sempre falar do tempo, como os ingleses, com a sua suprema sabedoria, de isolados do Continente, costumam fazer, para abrir o diálogo ou preencher espaço.
Por exemplo: mas que ricos dias, que já parecem de Primavera!
Ou como os cronistas que, na ausência de tema, falam da crónica, em si mesma.

sexta-feira, 8 de março de 2019

Fanny Mendelssohn (1805-1847)



No Dia Internacional da Mulher, uma pequena obra da compositora Fanny Mendelssohn, interpretada por duas pianistas: Monique Rasetti e Mar Barrenechea.

quinta-feira, 7 de março de 2019

Das histórias


Será que ainda haverá histórias por contar? Duvido.
Originárias de mitos, ancestrais, dão expressão catárctica às angústias humanas ou, de forma positiva, aos anseios mais íntimos, inconfessáveis ou não, dos seres humanos. E a sua urdidura ou trama reside em contos ou fastos mais antigos, normalmente, a que cada geração dá formato actualizado na sua época, sem transgredir demasiado, a matriz original. O ponto acrescentado ("quem conta um conto, acrescenta um ponto") à verdade real ou à imaginação ficcionada pode, no entanto, dar-lhe a suficiente beleza e qualidade que obriga a narrativa da mera tradição popular e oral, a passar para a classe superior de literatura escrita.
Será por isso curial lembrar, a propósito, as palavras de Almeida Garrett, para explicar a génese da sua peça teatral "Frei Luís de Sousa":

Há muitos anos, discorrendo num Verão pela deliciosa beira-mar da província do Minho, fui dar com um teatro ambulante de actores castelhanos fazendo as suas récitas numa tenda de lona no areal da Póvoa de Varzim além de Vila do Conde. Era tempo de banhos, havia feira e concorrência grande; fomos à noite ao teatro; davam a comédia famosa não sei de quem, mas o assunto era este mesmo de Frei Luís de Sousa. Lembra-me que ri muito de um homem que nadava em certas ondas de papelão, enquanto num altinho, mais baixo que o cotovelo dos actores, ardia um palàciozinho também de papelão... era o de Manuel de Sousa-Coutinho em Almada!

Para o aniversário de MR



Esta pequena memorabília, dos anos 20/30, para lhe endereçarmos, afectuosamente, parabéns no dia do seu aniversário. Esperemos que goste de ver estas jovens bailarinas anónimas, mas gráceis e naturais.
E aqui vão também umas flores virtuais, com os melhores votos, para acompanhar..:-)


quarta-feira, 6 de março de 2019

Divagações 143


Eu sei que há convites indeclináveis e tentações irresistíveis. E, em relação a figuras públicas, o dilema ainda é pior. A recusa pode ser sempre interpretada como fruto de elitismo ou de sobranceria, pela gente comum. A personagem, no entanto, pode dar sempre um ar de distinção, sublinhar a diferença, mesmo em ambiente de tasca pimba ou nova-rica e barroca. Entre um arroz de lata de atum, ainda que algarvio, em forma de assim, e uma cataplana a preceito vai uma enorme diferença. Depende de quem o ou a faz e escolhe para ementa, em local mesmo que pouco recomendável.
Tenho constatado, com preocupação crescente, a ausência de abelhas nas nossas varandas, quando  os vasos estão floridos. As vespas, porém, são mais que muitas, pousando em tudo quanto é flor. E eu bem as dispensava... Mas, de há uma semana a esta parte, tenho uma pequena razão de alegria. Sobre o tufo primaveril das frésias, há um jovem e bonito besouro que as visita, diariamente, fiel e persistente, libando-as por uns bons cinco ou dez minutos.
Tem bom gosto, iluminado talvez por aquele perfume divinal.
Prefere a cataplana ao atum de lata...


Filatelia CXXVII


As grandes colecções de selos, as mais importantes e valiosas, foram quase sempre vendidas na Inglaterra ou na Suiça. Londres ou Zurique, mais particularmente. Centros financeiros que concitam, mais facilmente, grandes investidores e filatelistas apaixonados ou fanáticos.


Stanley Gibbons, Robson Lowe e Christie's respondem por Londres. David Feldman pela Suiça. São talvez estas as casas leiloeiras mais importantes do mundo. A celebrada colecção de selos de Maurice Burrus (1882-1959), por exemplo, foi leiloada pela Robson Lowe, em Londres, no ano de 1964.


Não fugiram a esta regra habitual de localização leiloeira as melhores colecções de selos clássicos portugueses. A mítica colecção do comandante Leotte do Rego foi leiloada, em Zurique (Suiça), por David Feldman, em 1985. Aqui ficam, em imagem, alguns dos lotes mais importantes.
Com o Brexit, no entanto, é bem provável que a praça londrina venha a perder importância.
Mas estou certo que os mais raros selos clássicos portugueses continuarão a ser negociados lá fora...

terça-feira, 5 de março de 2019

Vivaldi



A propósito de Vivaldi, vem à colação Veneza, para que se não diga que eu me esqueci que hoje é terça-feira de Carnaval...