domingo, 16 de setembro de 2018

Osmose 96


Dou por mim, num destes extremos ocidentais, olhando o areal por onde, aqui ou mais além, há cinquenta anos, mais mês menos mês, rastejei, um dia, como um cão, em exercícios militares, seguramente estúpidos e humilhantes. A raiva era consoladora, nessa altura, mas não podia ter expressão muito visível. A prática, posterior, indiciava já, no entanto, quer nas repartições castrenses quer nas paradas marciais, a agonia de um regime.
Olhando o areal da foz do rio Grande (em 1968, era o Lizandro), dou-me a pensar, inexplicavelmente, na Europa. E o mesmo sentimento me assalta, como outrora. Talvez, também, pela mediocridade das chefias. Ainda que os povos, arregimentados, se resignem, é ao velório da Europa a que estamos a assistir. Tal como a conhecemos, como união dos povos ocidentais, numa solidariedade que se vai desagregando, mais e mais, inexoravelmente.
Amém.

8 comentários:

  1. Amém!

    Penso nos que chegam, esperançosos, a areias europeias. Coitados!
    Como podem os povos europeus estender a outros povos uma solidariedade que não têm entre si?

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    1. Creio que isto, sem uma profunda convulsão inesperada (guerra?), já não tem remédio, nos próximos tempos.

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  2. Também rastejei no areal junto à foz do rio Lizandro, nos idos de 1968.
    Amém!

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    1. Julgo que o "pack" era muito semelhante nas sucessivas incorporações...

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  3. Vejo isto com enorme tristeza e (sobretudo) apreensão.
    Boa tarde!

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    1. A tragédia dos anos 30/40 pode vir a repetir-se como farsa, nos próximos anos - para usar a conhecida citação.
      Boa tarde.

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  4. Nunca acreditei nesta comunidade. Os sinais começam a ser evidentes
    e agora espera-se por qualquer coisa que nem se sabe como vai evoluir.
    Boa semana.

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    1. Pelo menos, Delors deu-lhe consistência e credibilidade. Quando chegou ao Barroso, foi notório que tudo iria descarrilar, infelizmente...
      Outro tanto lhe desejo, com estima.

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