segunda-feira, 4 de maio de 2015

Um poema do sueco Tomas Tranströmer


Criptas românicas

Na penumbra da vasta igreja acotovelavam-se os turistas.
Uma cripta dava a outra cripta uma visão incompleta.
As chamas de uns quantos círios oscilavam.
Um anjo sem rosto veio abraçar-me
e sussurrou-me por todo o corpo:
"Não te envergonhes de ser homem, orgulha-te!
Dentro de ti uma cripta leva a outra cripta, indefinidamente.
Nunca estarás completo e assim deve ser."
Cego pelas lágrimas
fui empurrado até à praça incendiada de luz
juntamente com o sr. e a sra. Jones, o sr. Tanaka e a senhora Sabatini
e, dentro de cada um deles, uma cripta
dava para outra cripta, indefinidamente.


Nota: o poeta Tomas Trantrömer (1931-2015) foi Prémio Nobel da Literatura, em 2011.

6 comentários:

  1. Respostas
    1. Fico contente. O pensamento poético nórdico coloca experiências novas..:-)
      Boa tarde!

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  2. Respostas
    1. Também me parece um poema muito rico de sugestões..:-)

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  3. Não conseguiria ler o poema no original, mas gostei muito da versão traduzida!
    Só um poeta para traduzir bem outro poeta...
    Boa noite!

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    1. Ainda bem, e muito obrigado.
      O facto de gostar de um poema, dos que vou lendo, ajuda muito, sempre, e facilita a vertê-lo - em condições - para português.
      Uma boa noite, também!

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