quarta-feira, 20 de maio de 2015

Osmose (53)


Fértil que tem sido, este mês, o vento agita profundamente as copas das árvores, pela manhã.
Do interior da casa, através da janela, é por aí que lhe reconheço a existência. Invisível, o movimento que provoca denuncia a sua passagem. Mas como poderia eu descrevê-lo, por palavras e gestos, a quem, de todo, o desconhecesse?
Talvez da mesma maneira como se ensinam as cores a uma criança. Porque as palavras que as identificam são, apesar de tudo, redundantes e arbitrárias. As suas existências, raramente, as justificam, objectivamente. Essas, sim, são meras invenções humanas para chamar nomes às coisas.

4 comentários:

  1. Da questão do vento, não o aprecio quando anda assim forte. Da questão do nome das coisas, é de facto geralmente arbitrário e convencional. Mas, julgo que deve haver uma raiz qualquer para esses nomes, certo? Bom dia!

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    1. Lembrava-me da sua antipatia pelo vento forte..:-) Da minha limitada experiência, nunca conheci nenhuma Senhora que gostasse de vento forte; eu não desgosto.
      Embora com étimos antigos, creio não haver razões objectivas para grande parte dos nomes das coisas. Ressalvem-se, porém, as onomatopeias.
      Boa tarde!

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  2. Um texto muito poético! Quanto ao nome das coisas é realmente uma convenção, mas foi bem lembrado o caso das onomatopeias, e a palavra "vento" tem algo do som que ele produz.
    Em geral também não gosto de vento forte e então na praia com areia pelo ar é um pavor! Mas tenho na memória o prazer que dá, numa noite quente de verão, sentarmo-nos num sítio ventoso, à beira-mar...

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    1. Na verdade "vento" sugere...
      O meu gosto pelo vento também tem alguns limites e, em raríssimos casos, desagrado.
      Mas de uma forma geral aprecio muito a sua existência.

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