domingo, 17 de maio de 2015

Brevíssima


Se Karl Marx (1818-1883) voltasse à Terra, com toda a certeza que aproveitaria para fazer um aggiornamento numa das suas frases mais conhecidas, para: O futebol é o ópio do povo.

10 comentários:

  1. Variações.
    O futebol é uma religião.
    O futebol é do povo.
    O futebol é ódio.
    A televisão é o ópio do povo.

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    1. Quando vi o respeitável sr. Ribeiro e Castro, prestando declarações à TV, vestido com a camisola vermelha do seu clube, pensei que a sua segunda variação estava errada...

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    2. Repare que eu falava "do futebol", não de certa e determinada agremiação, que encaixa melhor nas duas últimas linhas.

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    3. Pois, seja!
      Eu até admito, na minha piedade cristã, esta apropriação colectiva indevida, por parte da multidão ensandecida, do trabalho de 11 (12, que o treinador também conta, como na Última Ceia) homens, quando bem sucedidos. Em que a alma vai subindo em glória, dos pés até à cabeça. E que os carneirinhos até se esqueçam das suas desgraças e de que também têm que procurar o seu pasto no relvado.
      (A meio da escrita, comecei a ter a incómoda sensação de estar a gastar demasiada cera, com ruim assunto... Será?)

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    4. Que nada! Veja, por exemplo, o seu colega Carlos Drummond de Andrade, a quem não caíram os parentes na lama por escrever "Futebol":

      Futebol se joga no estádio?
      Futebol se joga na praia,
      futebol se joga na rua,
      futebol se joga na alma.
      A bola é a mesma: forma sacra
      para craques e pernas de pau.
      Mesma a volúpia de chutar
      na delirante copa-mundo
      ou no árido espaço do morro.
      São voos de estátuas súbitas,
      desenhos feéricos, bailados
      de pés e troncos entrançados.
      Instantes lúdicos: flutua
      o jogador, gravado no ar
      — afinal, o corpo triunfante
      da triste lei da gravidade.

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    5. É verdade, o Carlos era um anjo que passou velozmente pairando. Mas também eram outros tempos! Comedidos, honestos, de amor à arte...
      Depois, eu sou um cínico elistista e empedernido que oscilo, quanto a desporto, entre Churchill, o voleibol e o ciclismo - que deus me perdoe!...

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  2. Pois é, Margarida, até pelos uivos e barulho isto é deprimente.
    Bom dia!

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  3. O futebol é um jogo que qualquer pessoa pode jogar e por isso é extremamente popular. Veja-se de onde vieram os maiores jogadores do mundo. O mesmo é válido para o atletismo e, em menor escala, para o ciclismo, porque aqui precisam de uma bicicleta..
    Agora o que a tv faz do futebol é que é incrível. Principalmente a RTP.
    Sou do Benfica (mas não sou doente), mas nunca me poria na figura do Ribeiro e Castro, que vi. Até me iam caindo os queixos.
    Eu gosto de atletismo e de hóquei em patins.
    Ficava colada à televisão a ver a equipa do Livramento, Ramalhete, Júlio Rendeiro, Adrião, Vaz Guedes... e já não me lembro do nome dos outros.
    E de irmos para a rua ver o final o final da Volta a Portugal em Bicicleta. :)

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    1. Todas essas memórias lembradas pela MR, também eu as vivi (ciclismo, hóquei...), com autenticidade, alegria e comedida paixão.
      O desporto era mais limpo, os ordenados modestos, para os praticantes. Hoje sabemos como os propósitos estão inquinados, como se incendeiam os ânimos e as paixões. Como, por esse mundo fora, a trindade santíssima (futebol, autarquias, construção civil) é responsável por tanta corrupção e desatino. Qualquer bicho careta questiona o chorudo ordenado de um gestor, mas quase nunca se escandaliza pelas quantias astronómicas que se pagam a jogadores e treinadores de futebol. Há muita hipocrisia nestas matérias e muito terror sacro naqueles que se calam e aplaudem com a maioria, nunca dizendo que não gostam "deste" futebol. Só não entram é na guerrilha urbana que as claques selvagens, tantas vezes provocam.
      Eu, passo.

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