quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

O açúcar da diáspora


Não sei se acontecerá com todos, mas de grande parte das famílias com quem me dou, são escassas as que não têm algum familiar emigrado. Por isso, esta colecção de pacotinhos de açúcar tem razões objectivas e aponta para uma realidade dos nossos dias portugueses.
As três embalagens, em imagem, trouxe-as de uma esplanada de Campo de Ourique, onde tomei café com mais duas pessoas, jovens, uma delas emigrada (Inglaterra). Só eu utilizei açúcar na bica.
Não será destituído de bom senso eu acrescentar que, possivelmente, o maior número de portugueses na Noruega (2.414) se pode dever ao bacalhau...

9 comentários:

  1. Até conheço uma arquiteta que foi para Pequim. Isto há anos era impensável.
    Cá queriam que ela trabalhasse à borla.

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    1. O mais grave disto tudo é que são opções de sobrevivência, e não de vontade plena.

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  2. Portugueses na Noruega = engenheiros. Somos muito valorizados por lá.

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    1. Pois!, pudera, nem sequer foi preciso pagar-lhes a formação profissional...

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    2. Isso é um mito que importa esclarecer.
      Nas últimas três décadas, a Europa pagou, de forma solidária, a educação e a formação dos jovens europeus. A Noruega, não sendo da União, não deixa de contribuir para esses mecanismos técnico-financeiros. Mais de metade do valor que Portugal investiu em Educação, em todos os níveis do ensino, foi suportado por fundos europeus, com o objetivo de criar um sistema integrado de educação e formação na base de uma sociedade e um mercado de emprego realmente europeus. O Programa Erasmus ou o processo de Bolhonha são outras faces visíveis do mesmo processo.
      Por isso, o que se passa agora é que o sistema funciona. Os jovens portugueses estão a aproveitar a boa formação que tiveram e já não precisam de ir trabalhar nas obras ou ser empregad@s doméstic@s em Paris de França, pois podem ser engenheiros e trabalhadores qualificados na Noruega. A Europa, globalmente, está a ganhar com o investimento que fez.
      Caso contrário, não vejo, nem nunca vi, uma "economia" em Portugal que pudesse sustentar tanta gente qualificada com salários dignos para todos. Já não temos as soluções tradicionais (colónias para exportar excedentes de "pessoal", o Estado a empregar metade da população), nem queremos voltar ao tempo da emigração miserável ou à época em que só alguns podiam estudar.
      Por isso, viva a Europa, de Portugal à Noruega!

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    3. Algumas objecções pessoais e sintéticas ao seu comentário:
      1. Embora considere o programa Erasmus positivo, não concordo na bondade das regras do Bolonha. Nem me parece que ela tenha contribuido para uma melhor qualidade dos cursos abrangidos.
      2. Se houve um período de solidariedade europeia, real, isso já acabou: estamos no tempo de pagar juros. E não são pequenos.
      3. Discordo da sua ideia da emigração qualificada, actual. Ela é transversal. Dos cerca de 8/10 casos que conheço, é certo que os qualificados vão quase todos para países europeis, mas outros (menos qualificados) têm ido para o Congo-Zaire, Angola, Brasil...
      4. Estou seguro que, só por um desencontro insanável e raríssimo - psicológico ou político -, qualquer deles preferiria trabalhar no seu país natal. E dos meus casos conhecidos, todos esses emigrantes querem voltar a Portugal, logo que possível. Até porque, uma parte deles, deixou cá a família mais próxima.
      5. Finalmente, e quanto aos imigrados - o reverso da moeda - a sua vontade é a mesma. Se tiver pachorra, leia aqui no Arpose: "Retratos (1): Cristina de S." (de 23/6/2011) - que é uma história verdadeira.

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    4. Não nego as suas objeções, estou até de acordo. O que eu quero dizer é que, quanto a mim, estamos melhor agora, e se a Europa tem atualmente problemas, acho que vamos conseguir resolvê-los. Resultam, quanto a mim, da persistência dos nacionalismos, dos Estados, e de pensarmos em termos de solidariedade, e não de comunidade.
      Conheci muitos emigrantes e famílias de emigrantes, desde os anos sessenta. E não tenho dúvidas de que onde antes havia rutura, dor, anormalidade, agora há uma certa naturalidade na emigração intra-europeia - embora para outras paragens, incluindo a "lusofonia", se mantenha o estigma da partida para o desconhecido. A Europa continua a ser uma boa ideia.
      Claro que há outros fatores que reforçam a sensação de proximidade, como as companhias low-cost e as redes sociais da Internet.

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    5. Li a bela história de Cristina de S.

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    6. Obrigado!, ela era uma miúda de excepção.

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