Os mais velhos lembrar-se-ão, com certeza, do mais recente período inflacionista, em Portugal. Que começou nos finais dos anos 70 e se prolongou pelos anos 80. Mesmo assim, em muito menor escala do que a inflação que assolou o Brasil, durante grande parte do século XX, ou da que aconteceu na Alemanha, depois da I Grande Guerra, e se foi prolongando pelos anos 20.
Muita da história europeia recente, e sob múltiplos aspectos, se pode pressentir e conhecer através das estampilhas postais de cada país. Os selos alemães, em imagem, de quatro séries cronologicamente ordenadas (1 fila / 1 série), mostram, à evidência, a galopante inflação germânica do Marco, entre os anos de 1921 a 1923. Até as sobrecargas de valor são alucinantes: 5 mil sobre 40 marcos, 2 milhões sobre 300 marcos (ver fila 3, a contar de cima, na imagem), por exemplo...
Parece hoje anedótico dizer-se que as donas de casa, nessa época, levavam um saco cheio de notas para comprar 4 ou 5 Brötchen (carcaças), ou que as mulheres alemãs iam às oficinas e fábricas, de manhã, no dia de pagamento da féria, o mais cedo possível, para receber o dinheiro da mão dos maridos, a fim de, imediatamente, ir comprar géneros alimentares que, à tarde, seriam muito mais caros.
Deste período traumático, alguma coisa ficou na memória alemã. Que pode explicar, embora não justifique de todo, a intransigência germânica quanto ao seu respeito pela moeda, em si, e pelo seu valor sagrado. Diz-se (K. Marx?) que a História se repete: da primeira vez, como tragédia, da segunda, como farsa...
A esta temática filatélica personificada por números e sobrecargas astronómicas, chamam os filatelistas alemães: Infla.
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