Os nascimentos criam, entre os seres humanos, uma sequência cronológica de tempo que a morte raramente respeita. Quando alguém desaparece para sempre, e disso temos notícia, a memória, quase automaticamente, responde com um inventário sucinto de imagens e algumas legendas passadas, tudo isto em poucos segundos. E recolhe, logo a seguir, de novo ao presente.
Em anos de juventude passei cerca de um mês e meio na Alemanha. Não se tratava de emigração compulsiva, mas também não era uma viagem turística. Esta vilegiatura destinava-se simplesmente a melhor me familiarizar e a praticar a língua germânica. Foi um tempo rico em experiências, novidades e de abertura para um outro mundo. No entanto, guardo dessa altura, alguns desagrados: a falta do café nacional e bom, a água engarrafada alemã, que era sempre de picos - não se comercializava a água lisa - e as sistemáticas batatas cozidas das refeições. Que, à restante gastronomia alemã, habituei-me eu bem, e dela gostava.
Mas devo confessar, também, que havia uma alegria extrema, da minha parte, nas poucas vezes que ouvia falar o português, ocasionalmente, nas ruas. E quando ia à Embaixada do Brasil visitar um amigo português que lá trabalhava. Que me servia, com gentileza, um bónus excepcional: um cafezinho forte, na boa e saudosa tradição portuguesa.
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