quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Não aconselhável aos hipocondríacos, nem aos que se querem, eternamente, juvenis


Os mais novos não saberão e muitos outros, mais velhos, já não se lembrarão, com certeza, que, por volta de 1975, houve uma campanha nacional a aconselhar o consumo de óleo alimentar, em detrimento do azeite que, diziam os slogans, era prejudicial à saúde. O motivo de tanta bondade profiláctica era, no entanto, outro: havia grandes excedentes de óleo, em Portugal, nessa altura. E, hoje, sabe-se (até quando?) que o azeite, componente importante da dieta mediterrânica, é bom para a saúde.
Os medicamentos contra o colesterol fizeram a fortuna de alguns laboratórios farmacêuticos, por esse mundo fora. As modalidades profilácticas anti-tabágicas (cigarro eléctrico e quejandos) são um novo nicho industrial de vendas laboratoriais. Há dias, li que um grupo de cientistas norte-americanos tinha chegado à conclusão de que o tabaco e o meio ambiente adverso não eram a causa mais decisiva e importante para o aparecimento do cancro, no ser humano. O factor hereditário era muitíssimo mais significativo.
E talvez  tenham razão. Quem manda, são os mercados, até ver...

5 comentários:

  1. Se me permite, o que os cientistas concluíram foi que o comportamento/ambiente e a hereditariedade são relevantes para o aparecimento do cancro no ser humano (americano, não sei se será a mesma coisa), mas o acaso (mutações aleatórias e individuais de alguns genes) é muito mais relevante, estando na origem de 2 em cada 3 casos que analisaram.
    Isto mudou muito a minha maneira de ver as coisas: a culpa, afinal, não é dos alemães, dos mercados ou da Europa, nem sequer dos nossos dirigentes, e ainda menos dos nossos comportamentos (entre os quais o viver acima das nossas possibilidades). É tudo o raio do azar...

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  2. Já agora, uma pequena nota sobre os mercados e a Grécia, terra de injustiçados: 90% da dívida grega, cujo pagamento está em causa (e, quanto a mim, muito bem) não afeta os "mercados", mas sim os países europeus e os cidadães desses países, que foram, nos últimos anos, comprando obrigações, certificados, emissões - ou lá como se chamam essas coisas - da Grécia, diretamente ou através da virtuosa intervenção do Banco Central Europeu.
    Quase sem darmos conta. Ora, isto já não é azar...

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    1. Eu creio que o que diz, acerca do cancro e dos cientistas, e o que eu escrevi não é contraditório. De qualquer modo agradeço a precisão do seu comentário.
      Sobre o resto, o que haveria a dizer dava pano para mangas... É evidente que neste nosso tempo de glorificação e sacralização da Economia, os mercados mandam muito, mas não tudo, evidentemente. Os governos nacionais é que mandam cada vez menos...ou nem querem mandar nada. Quando há governos que já nem são sufragados (Itália...), isto diz tudo sobre a ditadura que se vai propagando, subtil e subrepticiamente com a cumplicidade do povo adormecido ou anestesiado. Seria interessante perguntar porque é que agora, na Itália, não há "brigadas rossas", quando as houve nos anos 70, quando a Democracia nem estava em perigo.
      O verdadeiro Poder está alhures...

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    2. Verdade. Mas, ao contrário do que pregava o Senhor Ben Parker (o tio do Homem-Aranha), já não vigora o princípio de "um grande Poder traz uma grande Responsabilidade"... Agora é tudo experimentalismo - económico, social, político, artístico... e opacidade.

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    3. Eu creio que, apesar de tudo, há uns (poucos) cerebrozinhos que vão compondo uma estratégia... Mas estou de acordo consigo, no resto.

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