domingo, 13 de abril de 2014

Fernando Echevarría (1929)


É o que vemos que nos reza dentro.
Tanto se abstrai quem vê do que foi visto
que passou a reinar no pensamento
apenas o esplendor do paraíso.
Aí os nomes haurem o concreto
sopro da novidade. O corpo, vivo,
respira. Cumpre o rítmico respeito
pelo seu cunho de real específico.
Não só respira. Ao tomar assento,
dá conta indefinível do retiro
que ausentando-se, deixou o luto tenso
e a eficácia feliz do seu vestígio.
Daí que reze, interior, não vermos,
mas o volume esplêndido do visto.

Fernando Echevarría, in Categorias e outras paisagens (Afrontamento, 2013).


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