quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Com a devida vénia a Artur Costa, o seu soneto regionalista


Soneto para dois mil e catorze

Caminhas, calhostro, sem destino,
Arrastado, vergado à camoeca.
Será a da vida ou a do vinho,
Que a tua cancha hoje tanto afeta.

Na janela avistas a camboeira
Que cor, que fragante delícia!
Tua mão avança, bem certeira,
Com fome, mas nunca com malícia!

A canema, atenta, sai da porta
E salta, aos gritos "É ladrão!"
Bates forte, e ela queda morta.

Foges!, já ruge a multidão.
Mas tropeças na caleja torta
E conseguem, infeliz, deitar-te a mão.

Artur Costa (1963).


Nota:  a leitura do primeiro comentário aos "Regionalismos transmontanos (19)" ajudará a compreender a inclusão desta glosa repentista e brilhante, que se fica a dever (com agradecimentos) a Artur Costa.

7 comentários:

  1. Ai meu Deus, que vergonha!
    Se soubesse, tinha tratado melhor a métrica...

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  2. Mas, está perfeita..com o seu quê de de aspereza duriense e natural.

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  3. No segundo e quarto verso é que a rima eca com eta não dá... Mas também não é nariz de santo. Boas festas.

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  4. Ora essa, ora essa... É uma pequena liberdade, uma rima imperfeita.
    Para a hora que era até fiquei admirado...

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  5. Ressalve-se o facto de ser a chamada rima toante que, mantendo o ritmo, cria uma certa diversidade poética.

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  6. Que a Felicidade o encontre no seu caminho ou - há sempre uma alternativa - a saiba encontrar, JAD.
    Bom Ano de 2014, também!

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