Caminhas, calhostro, sem destino,
Arrastado, vergado à camoeca.
Será a da vida ou a do vinho,
Que a tua cancha hoje tanto afeta.
Na janela avistas a camboeira
Que cor, que fragante delícia!
Tua mão avança, bem certeira,
Com fome, mas nunca com malícia!
A canema, atenta, sai da porta
E salta, aos gritos "É ladrão!"
Bates forte, e ela queda morta.
Foges!, já ruge a multidão.
Mas tropeças na caleja torta
E conseguem, infeliz, deitar-te a mão.
Artur Costa (1963).
Nota: a leitura do primeiro comentário aos "Regionalismos transmontanos (19)" ajudará a compreender a inclusão desta glosa repentista e brilhante, que se fica a dever (com agradecimentos) a Artur Costa.
Ai meu Deus, que vergonha!
ResponderEliminarSe soubesse, tinha tratado melhor a métrica...
Mas, está perfeita..com o seu quê de de aspereza duriense e natural.
ResponderEliminarNo segundo e quarto verso é que a rima eca com eta não dá... Mas também não é nariz de santo. Boas festas.
ResponderEliminarOra essa, ora essa... É uma pequena liberdade, uma rima imperfeita.
ResponderEliminarPara a hora que era até fiquei admirado...
Ressalve-se o facto de ser a chamada rima toante que, mantendo o ritmo, cria uma certa diversidade poética.
ResponderEliminarBom Ano. Parabéns.
ResponderEliminarQue a Felicidade o encontre no seu caminho ou - há sempre uma alternativa - a saiba encontrar, JAD.
ResponderEliminarBom Ano de 2014, também!