domingo, 29 de dezembro de 2013

Camus, sobre a poesia de Char


Na grande luminosidade (L'Isle-sur-la-Sorgue) onde Char nasceu, sabe-se que o Sol é por vezes obscuro. Às duas horas, quando o campo está pleno de calor, um sopro negro cobre-o. Da mesma forma, sempre que a poesia de Char parece obscura, por uma condensação furiosa da imagem, há um espessamento de luz que se afasta desta transparência abstracta que nós aceitamos porque ela também nada exige de nós. Mas, ao mesmo tempo, como na planície ensolarada, este ponto negro solidifica em torno dele vastas plagas de luz onde os rostos se desnudam.

Citado por Marie-Claude Char, in "Pays de René Char" (Flammarion, 2007).

para H. N., com agradecimentos.

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