Antes de mais, não posso garantir que a gravura, encimando este poste, de John Gould (The Birds of Great Britain), executada em 1873, represente o Falcão Peregrino, até porque é desta ave que eu quero falar. Mas ilustra uma ave de rapina que, científicamente, se classifica como Falco Candicans.
Para quem presta alguma atenção zoológica e, mais concretamente, ornitológica à população portuguesa, há-de concordar comigo que, nos últimos 10/15 anos, houve um aumento substancial de: pombas, pequenos pardais, melros e gaivotas, pelo menos. E eu acrescentaria ainda corvos e peneireiros. Mais alimentação? Adaptação gradual às novas condições ambientais? São perguntas a que não sei responder. Mas até nas cidades, esse aumento de aves se faz notar.
Não será só em Portugal. O jornal Le Monde (2/5/13) noticia esse crescimento exponencial, até em Paris, referindo que um casal de Falcões Peregrinos, residente confirmado desde há dois anos na Cidade da Luz, nidificou e teve 3 crias. Facto surpreendente e inédito: o Falcão Peregrino já não era referenciado, em Paris, desde 1870, precisamente, nas torres da catedral de Notre-Dame. A título de curiosidade, refira-se que esta ave de rapina é a mais rápida do mundo: 300km/hora.
E o jornal titula o artigo sobre o facto, desta forma saborosa e assim: Pigeons, aux abris! Le faucon pèlerin revient à Paris. Não seria mau que, por cá, acontecesse o mesmo. No meu entender, Lisboa tem pombas a mais. Para não falar das corpulentas e agressivas gaivotas...
os meus agradecimentos a H. N., que proporcionou iconografia e substância a este poste.
Por cá também apareceram uns falcões, não foi? Eu acho boa ideia que venham - até porque também outro dia vi uma ratazana perto da Praça do Chile. E como as plantas silvestres crescem sem parar (exemplo extraordinário da BN que está quase uma selva), qualquer dia haverá mais ratos e até cobras. Um autêntico ecossistema, quase medieval.
ResponderEliminarAinda não decidi se me incomoda esta invasão da natureza na cidade (suspeito que gosto), mas julgo que já que existem as presas, que venham os caçadores naturais delas - como os falcões. Rematando: gosto de aves de rapina, sempre gostei. Têm um porte altivo e o modo de voar é fascinante. Espero é que comam os pombos e os ratos e deixem em paz os pardais, as andorinhas e os melros (porque gosto deles).
As gaivotas em terra parece que tem a ver com a falta de peixe no mar. Adaptam-se e comem lixo.
ResponderEliminarQuanto aos melros, só este ano notei que há mais melros em Lisboa.
E se cortarem em mais funcionários públicos, mais selvas citadinas pulularão. :(
ResponderEliminarNa cidade são mais os peneireiros que aparecem, ou mais concretamente, os peneireiros-das-torres. E há um caso sintomático, que eu costumo contar: nas viagens para o extremo Norte, nos céus, muitas vezes, via 1 ou 2 aves de rapina. Agora, e nestes últimos tempos, vejo, às vezes, mais de 10...
ResponderEliminarSem dúvida que são as lixeiras a céu aberto que trazem as gaivotas para terra, normalmente.
ResponderEliminarE nas Berlengas, há pouco tempo, tiveram que fazer uma "redução" de exemplares...
Quanto à eventual propagação das selvas, são estes "chimpanzés" que as irão intensificar, muito provavelmente...