Ninguém, conhecedor de Poesia, esquecerá a queixa de Pessoa, num poema, por lhe terem servido, e mal, Dobrada fria. Mas também Alexandre O'Neill (1924-1986) se queixou, no poema As Voltas da Poesia, dos borborigmos resultantes da sua difícil digestão. Aqui vai o poema, para que conste:
Borborigmo a expensas da dobrada.
Para uns, é alma alanceada;
para outros, quilo tão ronceiro
que lhes dá resmoneio o dia inteiro,
a conversa visceral fiada
que os versos são, primeiro.
Em qualquer dos casos, venham mas é versos,
bem tirados, acabados, tersos,
que a dobrada, essa, se por lá traquina,
é para coisa que se veja, chula ou fina.
Alexandre O'Neill, in Feira Cabisbaixa (1965).
Acho que comi apenas uma ou duas vezes na vida, passo :).
ResponderEliminarPois, eu, se for bem confeccionada e quente, gosto muito.
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