quarta-feira, 2 de novembro de 2011

As ditaduras de algodão


De uma forma subtil e sofisticada, mas gradualmente persistente, tem vindo a propagar-se, no mundo, uma nova ordem quase monolítica de pensamento único e de métodos uniformes de Poder. Já não tem a aparência férrea e intimidatória das ditaduras do século XX, mas as maças do poder único, embora recobertas a algodão "suave", aparentemente macio, ao baterem, têm no seu interior, a dureza e a força do metal pesado.
O alibi mais usado e invocado são as razões de ordem económica, mas incidem sempre sobre o cidadão comum, sufocando-o, restringindo as suas liberdades e diminuindo os seus direitos. Mas o despudor vai tão longe que, por vezes, nem a decisão dos governos é justificada perante os nacionais. A abstenção de Portugal no Conselho de Segurança da ONU, aquando do voto sobre a aceitação da Palestina, é disso um bom exemplo. A Espanha e a Itália tiveram a hombridade e coragem de votar a favor. O sr. Portas não precisava de ser tão "americano".
Outro dos exemplos é a retirada das subvenções à Unesco, por parte dos Estados Unidos (do sr. Obama, imagine-se!, que se tem revelado um grande cómico...), em retaliação pelo organismo internacional ter aceite, no seu seio, a Palestina.
Mas o caso e exemplo mais flagrante destas novas ditaduras de algodão ocorre na Rússia. Quais Dupont e Dupond, de Hergé, os srs. Putin e Medvedev preparam-se para a terceira contra-dança, na troca de cadeiras do Poder, nas próximas eleições presidenciais, em Março de 2012. Putin candidatar-se-á, de novo, à Presidência e, uma vez eleito (como tudo indica), nomeará Medvedev para seu fiel Primeiro Ministro. Mais do mesmo, sob a capa inefável de algodão puríssimo. E como diz o anúncio: " o algodão não engana!"

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