MetamorfosePara a minha alma eu queria uma torre como esta,
assim alta,
assim de névoa acompanhando o rio.
Estou tão longe da margem que as pessoas passam
e as luzes se reflectem na água.
E, contudo, a margem não pertence ao rio
nem o rio está em mim como a torre estaria
se eu a soubesse ter...
uma luz desce o rio
gente passa e não sabe
que eu quero uma torre tão alta que as aves não passem
as nuvens não passem
tão alta tão alta
que a solidão possa tornar-se humana.
Jorge de Sena, in Coroa da Terra (1949).
Belíssimo poema.
ResponderEliminarE gostei da escolha do quadro de António Cruz para ilustrar.
Muito obrigado, MR. Desejo-lhe um bom dia!
ResponderEliminar