Os grandes prosadores criam um estilo, os maiores poetas, uma linguagem própria. Ou melhor, um jeito só deles de comunicar (e aqui usei um brasileirismo...). Uma forma singular de entendimento sensível, na babel tão diferente das emoções e memórias de cada um, para chegar a todos, no que parece ser um dialecto comum, entendível. Em poesia, e deste "linguajar" próprio, eu daria dois exemplos flagrantes: Sá de Miranda e Herberto Helder - um antigo, outro, contemporâneo.
Há, no entanto, alguns (raríssimos) prosadores que reúnem, na sua obra, um estilo e uma linguagem própria de comunicar com os leitores. O que talvez dificulte a descodificação desse universo. Estará neste caso, João Guimarães Rosa (1908-1967), de que hoje passa mais um aniversário sobre a sua morte. Na sua prosa convivem, sabiamente, a maturidade e conhecimento da(s) língua(s) com a luminosa sensação infantil de descoberta das pequenas coisas, mas também das pessoas, e do mundo. Num amanhecer contínuo.
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