domingo, 27 de setembro de 2015

Um poema de Manuel de Freitas (1972)


Depois de Tebas


Os mortos, como sabes,
não te podem ajudar.
Confundes-te com eles, fazes teu
tudo o que não disseram.
A cabeça da mãe, na fotografia,
abençoa o crime e a desavença.
Tem óculos, sorri, no jardim com gansos
que não passavam afinal de patos.

Entraste, pelo mesmo portão,
nas casas em que se prepara a peste
e não te atreverás sequer a escrever
o insuficiente livro da infância,

o cheiro, como dizer, das tangerinas.


in Beau Séjour (2003).

6 comentários:

  1. Gosto muito deste poeta, que me parece que foi uma 'descoberta' da e etc.
    Bom dia!

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    1. É possível... E é um dos fundadores da "Averno", uma pequena editora com algumas publicações de qualidade.
      Bom dia!

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  2. Tenho alguns livros dele.
    Boa tarde!

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    1. Pois, eu, para além da obra de que retirei este poema, só tenho mais o "Juros de Demora", um voluminho com tiragem numerada de 400 exemplares, assinado pelo Autor.
      Boa noite!

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  3. É interessante. Não me lembro de ter lido, pois nesta data já visitava o Arpose.
    Vou ver se há alguma coisa dele no wook.

    Boa noite:)

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    1. Não podemos lembrar-nos de tudo..:-)
      Boa sorte, no Wook!
      Bom dia!

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